Paródia

domingo, 22 de agosto de 2010

Dos Sentidos

"Nós na batida, no embalo da rede - matando a sede na saliva". [C.]

Pensei em jogar os filtros no lixo e esconder meu vício. Iria vestir a blusa mais bonita e deixar meu cabelo molhado. Talvez deixaria alguns textos, livros e uma revista jogados pelo chão. As músicas que ouviria ainda não estavam enfileiradas, certamente ouviríamos as suas. Lembrei da parte interna da geladeira e me exaltei um pouco, na preocupação de talvez ela estar vazia. A cama ao lado da minha janela estava numa boa altura - deitados não poderíamos ser vistos. O que eu diria não me causava pânico, pois não passava pela minha mente falar muito. Não havia motivos para te ouvir. Meu interesse era hegemonicamente sensorial. Contudo, meu pacto não seria rompido.


Tato. Sentir os contornos da sua face e as pontas dos seus dedos.
Tato. Sentir suas mãos, mesmo que por cima da blusa mais bonita.

Visão. Olhar no fundo dos seus olhos e enxergá-los abandonados.
Visão. Você enxergando o antigo garoto ingênuo.

Olfato. Aspirar você na certeza de que está ao meu lado.
Olfato. Você relembrando o cheiro que já não sinto.

Paladar. Reexperimentar o gosto amargo do seu pescoço e da sua boca.
Paladar. Você reexperimentando a carne rejeitada.

Audição. Você verbalizando outra desilusão.

Escureceu tranquilamente. Adormeci tranquilamente. Não havia motivo pra desespero. A distância já atingiu uma proporção tão significativa, que nem posso localizar você em meu peito.

O esperado. O repetido.

Amanheceu tranquilamente.

domingo, 15 de agosto de 2010

Do Arrependimento

"Oh! Tudo o que eu fiz por você. Várias situações desagradáveis. [...] Oh! Todos os livros que não li por você. Quantas vezes mordi a língua por sua causa. [...]Quantos riscos corridos por sua causa. (Nenhum arrependimento)". [A.M.]

Algo que mudaria se pudesse voltar ao passado?

Se eu mudasse e, ainda assim, continuasse com a consciência q tenho hj...seriam tantas coisas:

- certamente teria buscado menos rejeição;
- mudaria a maneira de me entregar pras pessoas;
- teria despoetizado minhas pseudorelações;
- daria bem menos murros em pontas de facas;
- teria aproveitado bem mais meus 2 1os anos acadêmicos;
- teria me exposto muito menos;
- teria sido racional, nas vezes em q eu nunca deveria ter sido sentimental;
- teria idelizado bem menos e me desiludido antes com pessoas e momentos;
- teria controlado mais minha libido:P

hehehehe...não há momentos específicos...eu me sinto um pouco aliviado por saber quais são as coisas q eu mudaria. Mudar não posso, mas, insistentemente, tento me reformular a partir dos supostos erros q cometi. =D

P.S.: Fonte> http://www.formspring.me/prevaricaDan

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Do Abraço

"Então me abraça forte e diz mais uma vez que já estamos distante de tudo." [L.U.]

"Porque quando você me abraça o mundo gira devagar." [P.]

Queria mergulhar nas diversas faces de ti e fazer-me eternizar em tua mente. Ser capaz de reformular o que em ti existe e me fere. Fazer-te entender que não há sobrevivência sem nós. Amarrar-te em meu abraço de uma maneira que o sufoco nele não seja sentido, mas longe dele.

Olhos de tempestade. Perdidos olhos. Quanto desse muro se ergueu entre nós. Queria teu abraço, apenas. Então percebi que precisavas mais do meu abraço do que eu do teu. Fomos crianças não inocentes. Nossa pureza rapidamente se perdeu ou simplesmente não existiu.

Se a leveza estava em teu abraço, se meu abraço era tão querido por ti, o que fizemos desse desejo que se esvaiu com a bruma de junho?

Olhinhos de amendoim. Boca de luar. Num dia desses percebi que algo em mim foi perdido. No descanso tentei encontrar em um vestígio qualquer, isso que me elevava e trazia a insegurança do teu olhar e a claridade do teu sorriso.

Fácil foi entender que minha proteção foi por ti grandemente desejada e quando partiste levou de mim a leveza do meu aconchego.

Agora, numa lacuna qualquer, percebo meu grave abraço atribuído a quem se distrai. Sem sonho nem faço menção em entregar-me. Logo a partida vem e lá está meu olhar perdido no amanhecer.

domingo, 8 de agosto de 2010

Da Poética 3

Hoje esquecerei que o mundo existe
e pensarei em mim mesmo
Olharei comovido para meu sorriso triste
e nele buscarei o passo seguinte
Pois hoje será o dia em que despreocupado estarei
com as incertezas da minha vida

Hoje eu viajarei pelo meu corpo
e me encantarei com cada um dos meus passos
Respirarei esse ar embaçado
e num tato leve acariciarei meu cabelo
Pois hoje triste é o amanhecer da vida
e sem mim não posso me conter

Hoje não pensarei em ninguém
e ouvirei minhas canções favoritas
As palavras alheias distante estarão
para que eu possa não chorar
Pois hoje fingirei que o
cansaço-amargura-sufoco não existe

Hoje sentirei a luz em minha face
e o calor em minha pele
O toque que não mais sentirei será esquecido
justamente por não ser sentido
Pois hoje o amor se machucou
e decidiu esconder-se de seus delatores

(22 de fevereiro de 2010)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Da Epístola 3

"Quando me vi tendo de viver comigo, apenas, e com o mundo, você me veio como um sonho bom e me assustei - não sou perfeito". [L.U.]

Há poucos minutos acordei. Novamente meu primeiro pensamento do dia foi você...

Pensar em você é sentir um aperto forte no peito, pois você não está aqui do meu lado. Então lembro do teu rostinho lindo, lembro da tua boca encostando na minha, da sua voz falando algo que me faz rir.

Já não me assusto por sentir o que eu sinto. Sempre foi rápido mesmo a maneira com que comecei a gostar e com você não está sendo diferente. Estou gostando muito de você e isso só está crescendo dentro de mim.

Mesmo quando tudo parece perdido, mesmo quando a gente se desentende (e como odeio quando isso acontece), mesmo quando ouço vozes gritando pra que eu vá pelo outro caminho, é sempre o caminho que me leva até você que meu coração pede que eu siga.

Ainda que as coisas saiam do eixo e você não seja e ñ faça tudo como eu esperei um dia...você é tudo o que eu quero pra mim. Enfim, você é o que de mais bonito está acontecendo na minha vida e tudo o que eu realmente quero é que a gente dê certo junto. (14 de março de 2009)

P.S. Versão original. Enviada.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Da Paródia 2

"Eu acordo sozinho". [A.W.]

Tudo certo, durante o dia me mantenho ocupado
Compromissado o suficiente para não me perguntar onde eles estão
Estou cansado de chorar!

Então, ultimamente, quando me pego assim - em devaneio - viro o jogo:
Levanto-me e logo vou estudar - pelo menos não estou bebendo
Ando por aí, então - concentrado. Assim não preciso pensar em pensar

Esse silencioso senso de contentamento que todo mundo tem...
Desaparece quando o sol se põe.

Se eu fosse meu coração preferiria ser durão
No momento em que paro, o sono me pega e eu fico sem fôlego
Essa dor eu meu peito ocasionada pelo fim de mais um dia
A escuridão me cobre e não consigo correr
Meu coração congela!

Fico na frente deles - é tudo o que posso fazer para assegurá-los
Quando eles vêm até mim me derreto por eles...
Afogando-se em mim
Nós dançamos sob a luz azul

Os rostos deles vêm em meus sonhos, prendem-se em meu interior
Enchem-me de coragem
Mergulhados em minha alma, nadam em meus olhos através da cama
Pobre de mim sem aquelas ilusões
A lua está indo embora...
E eu acordo sozinho!

P.S. Paródia, aqui, não diz respeito ao termo em que se lança mão o uso da comicidade

domingo, 1 de agosto de 2010

Da Culpa

"Só não se perca ao entrar no meu Infinito Particular". [M.M.]

Céus!

Esse tempo gelado pede um abraço. Dá brechas a inúmeros devaneios criados por minha doce imaginação.

Um dia parto para uma vida em terras quentes, na tentativa de fugir dessa lacuna que se forma em todas as vezes que a obstinada brisa se aconchega em minha volta.

Enquanto isso me encho de blusas e cobertas para não sentir essa vacuidade de maneira tão forte.

E amanhã despertar, avistar da cama a bruma que não permite essa luz tão forte, imprenscindível para sobreviver, adentrar.

E continuar.

Mais um dia. Apenas outro dia.