Paródia

terça-feira, 27 de julho de 2010

Do Trauma

"Teu corpo é gostoso, teu rosto é bonito". [L.U.]

Sigo um princípio: se a beleza for grande, nem tento.

Se por devaneios advindos da cerveja eu infringir tal princípio concluo-me tolo.

É, eu não me garanto mesmo. Sinto-me desinteressante mesmo. E estou tão fechado para possibilidades de felicidade instantânea e efêmera (uma boca qualquer na minha, numa noite em que eu esteja por aí) que me espanto com qualquer interesse atribuído a mim.

Duvido de elogios. Desconsidero-os.

Eu busquei tanto a rejeição que hoje ela já me parece certeira. Em qualquer tentativa dou passos atrás e desvio do caminho para não ouvir negativas. Ando dizendo por aí que a solidão me faz bem, mas logicamente é mentira. Muito mais confortável é bolar uma desculpa para esse "dom de conquistar" que não me cabe.

Traumas são tão crueis.

Quando, por falta de opções, alguém me aceita ou procura fico curioso, desejo saber qual motivo para suposto interesse. "Olha pra mim! Existem pessoas melhores por aí...". Não encontro respostas, mas prefiro acreditar que todo mundo sente um pouco de carência, ocasionando minha não solidão momentânea.

Admiro fotos de quem esteve presente. Vejo beleza e morro na dúvida. Uma beleza unânime me faz desviar o olhar, como se fosse uma ofensa aos meus olhos.

Como uma nova mania para camuflar o desinteresse, perco bem menos tempo frente ao espelho, assim tenho uma desculpa para não receber o olhar de ninguém.

Sim. Traumas são crueis.