Paródia

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Do Costume

"Eu não sou Eu nem sou o Outro
Sou qualquer Coisa de intermédio
Pilar da ponte de Tédio
Que vai de Mim para o Outro" [S.C.]

Estou acostumado a ler, acostumado a perder muito tempo na internet, acostumado a sentir sono depois do almoço, acostumado a usar máscara quando preciso (grande parte do tempo, até com quem nem imaginei um dia que fosse necessário), acostumado a ser esquecido ou guardado no subconsciente de pessoas que um dia classifiquei como eternas. Acostumado a não me expor demasiadamente como antes fazia (sinto calafrios só de pensar).

Eu sempre fui acostumado com extremos: era feliz com o amor que surgia uma vez ao ano e que permanecia por pouco tempo. Acredito, então, que acerca do amor, fui feliz 5 dias por ano, em se tratando dos últimos 3 (anos).

O resto? Bem, com o resto do ano eu sobrevivia trabalhando ou estudando, mas quase sempre não resistia. Ligava inúmeras vezes sem acreditar na partida de quem ainda pulsava dentro de mim. Chorava em diversas vezes.

Extremos: 5 dias em nirvana, 360 em fossa.


Hoje já estou me acostumando com as inúmeras partidas, - nos variados tipos de relação - também já estou acostumado a ficar sozinho em relação a um par amoroso (não que um dia eu não estive).

Sou obrigado a entrar no ritmo e aceitar, simplesmente.
E tudo vai ficando com esse gosto de morno, sabe?! É um gosto que não me faz chegar aos extremos. Às vezes até tento ouvir as músicas que um dia me fizeram verter rios de lágrimas, mas daí me pego pensando na minha próxima obrigação ou na obrigação anterior, se ela está pronta efetivamente, ou não.
E assim, continuo sem sentir. É uma espécie de anestesia que me faz sobreviver.


P.S. "Gosto de morno" soa estranho. Será que existe alguma disciplina ou curso para "Construção de Metáfora"?