Ontem vaguei antes de adormecer
Na intenção de caminhar em direção às minhas ilusões
Encontrei portas fechadas as quais um dia facilmente abri
Antes, explorava cada espaço que adentrava
Encontrando lacunas que me mantinham sonhando
Aproximando-me da beleza que nunca existiu
Subia degraus que rumavam ao nirvana
Nas camas em que deitava sentia odores um dia tão próximos
Sobre lençóis descompostos mergulhava em âmagos não vistos
As portas obstinadamente se mantiveram trancadas
Regressei, então, por um caminho tortuoso - adormeci, enfim
Num relógio exato avistei o início do meu dia.
dan
Devaneios, Paródias, Epístolas, Poéticas e confissões - ainda que ruins.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Da Oscilação
"Uma hora aqui, outra ali, no vai e vem dos teus quadris" [C.]
Do suave ao grosseiro teus movimentos atingem todas as depressões do meu corpo. Do sutil ao brusco sinto o caminhar da tua epiderme sob e sobre a minha, num encaixe. Do silêncio ao escândalo: teus respiros. Do estático ao frequente: teus afagos. Aspiro teu tríceps, sorvo teu suspiro, trago tua pulsação, caminho por tua brancura, pela aspereza do teu rosto.
Você me prende com todos os teus membros. Choca-se teu peito contra o meu, tua barriga contra a minha (num coro suave e constante cantam as molas). Sintonizo teu clímax. Reduzo tuas forças ao intervalo do teu aconchego. Estudo teu semblante adolescente, tua madura atuação. Tua oscilação.
Os músculos de nossas faces se contraem num sorriso. Da satisfação que percorre nossas pernas e quadris e se unificam em nosso abraço.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Da Trilha
"Escute esta canção!". [M.]
Para 21 anos de vida, 21 músicas fundamentais - e fantásticas:
1- You Oughta Know - Alanis Morissette
2- Só Se For a Dois - Cazuza
3- Andrea Doria - Legião Urbana
4- O Mundo é Um Moinho - Cartola
5- Veja Bem Meu Bem - Los Hermanos
6- Black - Pearl Jam
7- Refrão De Bolero - Engenheiros do Hawaii
8- Chão de Giz - Zé Ramalho
9- Wake Up Alone - Amy Winehouse
10- Equalize - Pitty
11- Ainda Lembro - Marisa Monte
12- Come To Me - Bjork
13- Mentiras - Adriana Calcanhoto
14- Quase Um Segundo - Os Paralamas do Sucesso
15- All Apologies - Nirvana
16- A Verdade Sobre o Tempo - Pato Fu
17- Olhos Nos Olhos - Chico Buarque
18- Esta Vez - Julieta Venegas
19- Green Eyes - Coldplay
20- Wrapped Around Your Finger - The Police
21- Land - Duran Duran
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Da Recapitulação
"Todo dia é dia. E tudo em nome do amor". [C.]
É estranho pensar que o melhor ano da minha vida está repleto de tantas ausências, tantas partidas.
Um ano em que o cansaço foi tão forte, que desistir foi uma solução ideal. O melhor ano talvez porque não amei ninguém ao ponto de passar dias no escuro me lamentando por partidas e sonhando com regressos. Se o amor me foi sempre sinônimo de frustração e desilusão, provavelmente esse foi o motivo que fez este ano ser tão tranquilo. O choro que chegou através de muita concentração.
Um ano em que percebi o egoísmo se manifestanto em todas as esferas. O interesse se confundindo com amizades. As amizades...amigos de sangue, que também se foram. Não porque eu não tenha lutado, mas certamente porque me esforcei menos por eles. Pensar em mim mesmo só me fez voltar o olhar pra quem está dentro da minha casa. Minha família que sempre me espera.
Um ano em que meus sonhos mudaram de direção. Descobri que essa "estabilidade" que a sociedade me impõe não é o que busco. Quero o conhecimento, de coisas gigantes e pequenas. A mudança de ambiente e de discurso. Quero ouvir uma música.
Um ano em que conheci Cazuza mais a fundo. Me esforcei um tanto pra conhecer mais músicas também. Esse também foi um artifício que fez eu me afastar de algumas pessoas. É simples: perguntei pra alguns o que eles gostavam de ouvir. Não existia idolatria por nada, eu me afastava.
Um ano em que analisei em silêncio milhões de fatos. Em silêncio permaneci diante de muitas indignações. Não compartilhei tudo com todo mundo devido a traumas passados, o que foi bom, no fim das contas. Mesmo porque percebi tardiamente que muito daquilo que me é importante, não serve pra nada pra quase ninguém. O tempo que transforma basicamente tudo em lixo e esquecimento.
Um ano em que quando me disseram "deixa pra lá", de fato deixei, mas não minha revolta e meu interesse, apenas. Deixei pessoas pra lá também. A covardia se mostrou uma das piores atitudes pra mim. Pra quem optou por ela, meu adeus.
Um ano em que decidi ser recíproco no valor que me davam. Resultado disso: solidão. Mas uma solidão que me esforcei pra preencher com coisas legais. Guardei meus domingos pra minha família. Assustado, me vi ouvindo a mesma música que há um ano me cortava de cima a baixo e simplesmente não senti nada.
Um ano em que quando ouvi "saudades de você", não botei muita fé e entendi que eram somente palavras. Certos momentos, talvez, em que as pessoas estão num ponto extremo de solidão ou carência e expressam um sentimento que sinceramente não existe, já que não houve nenhum movimento pra sanar essa saudade.
Um ano em que a cerveja foi uma grande companheira. Mesmo com ela na cabeça consegui segurar meu desejo de regressão e permaneci em meu lugar, sem buscar a ninguém. Um medo gigante de rejeição, tão procurada durante todos esses anos. Promessas não me fizeram mudar de posição. Palavras, menos ainda.
O Sol, um belo dia, enfim, é o essencial pra minha vida. Admito: é muito provável que não deixarei de amar. A sensação de completude não veio, porque como todos, também eu usei a razão pra me mover. Razão que ceifou tanto. Mas me apoiei no Sol, no calor pra, ao menos, chegar próximo da alegria. Esta, que infelizmente vem pouco e depende não apenas de mim. Mas alegrias, sim. Um ótimo ano, sim. O melhor de todos.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Do Esquecimento
"Lo peor, lo más triste, son las pequeñas muertes que se suceden a lo largo de una vida." [M.M.]
Estive olhando fotos de um dia feliz. Meu sorriso. Meus amigos.
Nunca imaginei que esse sentimento de cansaço seria tão forte. Não insisto mais em ter a presença de pessoas que um dia despertaram um sentimento tão forte em mim.
Não sei ao certo onde tudo começou, só sei que depois que comecei a pensar em mim mesmo, minha auto estima eliminou algumas pessoas da minha vida e o meu orgulho próprio exterminou muitas delas.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Da Pintura
"Cores de Almodóvar; cores de Frida Kahlo - cores". [A.C.]
Pensamentos-intervalos agora são outros. A imaginação que de perigosa tornou-se perfeita, passeia indiscriminadamente por imagens quaisquer. Ou ainda, por imagens iguais às conchas cabralinas, em suas formas perfeitas e exatas. Mais ainda, na carne animalesca-naturalista que embriaga minha mente em desejos constantemente adormecidos.
Meus olhos refletem quadros-frida, coloridos na composição que vem da alma. Desta incomum - incoerentemente pura. Quadros altivos ainda que com ventania. Não quero tocá-los nem sabê-los. Na ignorância - que é benção - os mantenho intactos.
Quadros do vermelho-puro. De um mar puro (hoje oleado). De um campo antes verde (hoje judiado). Quadro em seus perfeitos quadrados, dos quatros tão queridos do poeta.
domingo, 21 de novembro de 2010
Do Silêncio
"A essência do homem é tão nula que só é belo aquilo que não existe". [R./2]
Em certo momento COM ou SEM, o sentido permanece inabalável. Seja pela ausência que consome, seja pela presença que inexiste. O discurso se converte em constante repetição. O coração já não bate mais forte - talvez mais devagar. Ou, se bate, regride à serenidade que é silêncio.
Silêncio da carne que não entra em atrito. Silêncio da mente que, de exausta, prefere esquecer. Silêncio do dia que repleto do Moderno - hoje Pós-Moderno - muda veloz e, assim, não prende a atenção. Silêncio da noite que sozinha é apenas mais uma noite. Silêncio da alma que, se emociona, copia a maré sem nome que rápido passou (e quebrou).
Dos corpos só restam os próprios corpos. Se superfícies bem modeladas ou não, indiferente. Do olhar só restam os olhos que veem tudo sem enxergar. Da essência não resta a essência, que é nula, fazendo do Belo apenas o que se imagina. E de mim resta o "não sei" que de não registrado, não identificável.
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