Paródia

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Da Pintura

 "Cores de Almodóvar; cores de Frida Kahlo - cores". [A.C.]

Pensamentos-intervalos agora são outros. A imaginação que de perigosa tornou-se perfeita, passeia indiscriminadamente por imagens quaisquer. Ou ainda, por imagens iguais às conchas cabralinas, em suas formas perfeitas e exatas. Mais ainda, na carne animalesca-naturalista que embriaga minha mente em desejos constantemente adormecidos.

Meus olhos refletem quadros-frida, coloridos na composição que vem da alma. Desta incomum - incoerentemente pura. Quadros altivos ainda que com ventania. Não quero tocá-los nem sabê-los. Na ignorância - que é benção - os mantenho intactos.

Quadros do vermelho-puro. De um mar puro (hoje oleado). De um campo antes verde (hoje judiado). Quadro em seus perfeitos quadrados, dos quatros tão queridos do poeta.




domingo, 21 de novembro de 2010

Do Silêncio

"A essência do homem é tão nula que só é belo aquilo que não existe". [R./2]

Em certo momento COM  ou SEM, o sentido permanece inabalável. Seja pela ausência que consome, seja pela presença que inexiste. O discurso se converte em constante repetição. O coração já não bate mais forte - talvez mais devagar. Ou, se bate, regride à serenidade que é silêncio.

Silêncio da carne que não entra em atrito. Silêncio da mente que, de exausta, prefere esquecer. Silêncio do dia que repleto do Moderno - hoje Pós-Moderno - muda veloz e, assim, não prende a atenção. Silêncio da noite que sozinha é apenas mais uma noite. Silêncio da alma que, se emociona, copia a maré sem nome que rápido passou (e quebrou).

Dos corpos só restam os próprios corpos. Se superfícies bem modeladas ou não, indiferente. Do olhar só restam os olhos que veem tudo sem enxergar. Da essência não resta a essência, que é nula, fazendo do Belo apenas o que se imagina. E de mim resta o "não sei" que de não registrado, não identificável.

sábado, 13 de novembro de 2010

Da Poética 4

Nesse momento ainda nós nos defendemos
Com nossa essência unilateral e egoísta
Que construiu a parede que nos separa
Sem que sejamos capazes de ultrapassá-la
Nem nos aproximar de tamanha altura


Defenderemos nossos anacrônicos e infantis conceitos
Seja para sairmos impunes -
De um caso em que pode não haver culpados -
Seja para livrarmos nossas tolas consciências
Seja para ferirmos um ao outro


Não poderemos entender nem ao menos tentar
Pois acreditamos não existir mais sentido
Para isso que um dia podia ter sido amor
E nos refugiaremos em nossas ilusões
Para que não possamos enxergar motivos pra voltar


E de todos esses dias ficarão
Os sentidos que aos teus intentaram se unificar
Dos nossos sorrisos juvenis sobrarão apenas
As rugas de quem um dia se entregou
E de quem um dia não foi capaz de se entregar

(22 de abril de 2010)