quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Da Poética 5
Ontem vaguei antes de adormecer
Na intenção de caminhar em direção às minhas ilusões
Encontrei portas fechadas as quais um dia facilmente abri
Antes, explorava cada espaço que adentrava
Encontrando lacunas que me mantinham sonhando
Aproximando-me da beleza que nunca existiu
Subia degraus que rumavam ao nirvana
Nas camas em que deitava sentia odores um dia tão próximos
Sobre lençóis descompostos mergulhava em âmagos não vistos
As portas obstinadamente se mantiveram trancadas
Regressei, então, por um caminho tortuoso - adormeci, enfim
Num relógio exato avistei o início do meu dia.
Na intenção de caminhar em direção às minhas ilusões
Encontrei portas fechadas as quais um dia facilmente abri
Antes, explorava cada espaço que adentrava
Encontrando lacunas que me mantinham sonhando
Aproximando-me da beleza que nunca existiu
Subia degraus que rumavam ao nirvana
Nas camas em que deitava sentia odores um dia tão próximos
Sobre lençóis descompostos mergulhava em âmagos não vistos
As portas obstinadamente se mantiveram trancadas
Regressei, então, por um caminho tortuoso - adormeci, enfim
Num relógio exato avistei o início do meu dia.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Da Oscilação
"Uma hora aqui, outra ali, no vai e vem dos teus quadris" [C.]
Do suave ao grosseiro teus movimentos atingem todas as depressões do meu corpo. Do sutil ao brusco sinto o caminhar da tua epiderme sob e sobre a minha, num encaixe. Do silêncio ao escândalo: teus respiros. Do estático ao frequente: teus afagos. Aspiro teu tríceps, sorvo teu suspiro, trago tua pulsação, caminho por tua brancura, pela aspereza do teu rosto.
Você me prende com todos os teus membros. Choca-se teu peito contra o meu, tua barriga contra a minha (num coro suave e constante cantam as molas). Sintonizo teu clímax. Reduzo tuas forças ao intervalo do teu aconchego. Estudo teu semblante adolescente, tua madura atuação. Tua oscilação.
Os músculos de nossas faces se contraem num sorriso. Da satisfação que percorre nossas pernas e quadris e se unificam em nosso abraço.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Da Trilha
"Escute esta canção!". [M.]
Para 21 anos de vida, 21 músicas fundamentais - e fantásticas:
1- You Oughta Know - Alanis Morissette
2- Só Se For a Dois - Cazuza
3- Andrea Doria - Legião Urbana
4- O Mundo é Um Moinho - Cartola
5- Veja Bem Meu Bem - Los Hermanos
6- Black - Pearl Jam
7- Refrão De Bolero - Engenheiros do Hawaii
8- Chão de Giz - Zé Ramalho
9- Wake Up Alone - Amy Winehouse
10- Equalize - Pitty
11- Ainda Lembro - Marisa Monte
12- Come To Me - Bjork
13- Mentiras - Adriana Calcanhoto
14- Quase Um Segundo - Os Paralamas do Sucesso
15- All Apologies - Nirvana
16- A Verdade Sobre o Tempo - Pato Fu
17- Olhos Nos Olhos - Chico Buarque
18- Esta Vez - Julieta Venegas
19- Green Eyes - Coldplay
20- Wrapped Around Your Finger - The Police
21- Land - Duran Duran
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Da Recapitulação
"Todo dia é dia. E tudo em nome do amor". [C.]
É estranho pensar que o melhor ano da minha vida está repleto de tantas ausências, tantas partidas.
Um ano em que o cansaço foi tão forte, que desistir foi uma solução ideal. O melhor ano talvez porque não amei ninguém ao ponto de passar dias no escuro me lamentando por partidas e sonhando com regressos. Se o amor me foi sempre sinônimo de frustração e desilusão, provavelmente esse foi o motivo que fez este ano ser tão tranquilo. O choro que chegou através de muita concentração.
Um ano em que percebi o egoísmo se manifestanto em todas as esferas. O interesse se confundindo com amizades. As amizades...amigos de sangue, que também se foram. Não porque eu não tenha lutado, mas certamente porque me esforcei menos por eles. Pensar em mim mesmo só me fez voltar o olhar pra quem está dentro da minha casa. Minha família que sempre me espera.
Um ano em que meus sonhos mudaram de direção. Descobri que essa "estabilidade" que a sociedade me impõe não é o que busco. Quero o conhecimento, de coisas gigantes e pequenas. A mudança de ambiente e de discurso. Quero ouvir uma música.
Um ano em que conheci Cazuza mais a fundo. Me esforcei um tanto pra conhecer mais músicas também. Esse também foi um artifício que fez eu me afastar de algumas pessoas. É simples: perguntei pra alguns o que eles gostavam de ouvir. Não existia idolatria por nada, eu me afastava.
Um ano em que analisei em silêncio milhões de fatos. Em silêncio permaneci diante de muitas indignações. Não compartilhei tudo com todo mundo devido a traumas passados, o que foi bom, no fim das contas. Mesmo porque percebi tardiamente que muito daquilo que me é importante, não serve pra nada pra quase ninguém. O tempo que transforma basicamente tudo em lixo e esquecimento.
Um ano em que quando me disseram "deixa pra lá", de fato deixei, mas não minha revolta e meu interesse, apenas. Deixei pessoas pra lá também. A covardia se mostrou uma das piores atitudes pra mim. Pra quem optou por ela, meu adeus.
Um ano em que decidi ser recíproco no valor que me davam. Resultado disso: solidão. Mas uma solidão que me esforcei pra preencher com coisas legais. Guardei meus domingos pra minha família. Assustado, me vi ouvindo a mesma música que há um ano me cortava de cima a baixo e simplesmente não senti nada.
Um ano em que quando ouvi "saudades de você", não botei muita fé e entendi que eram somente palavras. Certos momentos, talvez, em que as pessoas estão num ponto extremo de solidão ou carência e expressam um sentimento que sinceramente não existe, já que não houve nenhum movimento pra sanar essa saudade.
Um ano em que a cerveja foi uma grande companheira. Mesmo com ela na cabeça consegui segurar meu desejo de regressão e permaneci em meu lugar, sem buscar a ninguém. Um medo gigante de rejeição, tão procurada durante todos esses anos. Promessas não me fizeram mudar de posição. Palavras, menos ainda.
O Sol, um belo dia, enfim, é o essencial pra minha vida. Admito: é muito provável que não deixarei de amar. A sensação de completude não veio, porque como todos, também eu usei a razão pra me mover. Razão que ceifou tanto. Mas me apoiei no Sol, no calor pra, ao menos, chegar próximo da alegria. Esta, que infelizmente vem pouco e depende não apenas de mim. Mas alegrias, sim. Um ótimo ano, sim. O melhor de todos.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Do Esquecimento
"Lo peor, lo más triste, son las pequeñas muertes que se suceden a lo largo de una vida." [M.M.]
Estive olhando fotos de um dia feliz. Meu sorriso. Meus amigos.
Nunca imaginei que esse sentimento de cansaço seria tão forte. Não insisto mais em ter a presença de pessoas que um dia despertaram um sentimento tão forte em mim.
Não sei ao certo onde tudo começou, só sei que depois que comecei a pensar em mim mesmo, minha auto estima eliminou algumas pessoas da minha vida e o meu orgulho próprio exterminou muitas delas.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Da Pintura
"Cores de Almodóvar; cores de Frida Kahlo - cores". [A.C.]
Pensamentos-intervalos agora são outros. A imaginação que de perigosa tornou-se perfeita, passeia indiscriminadamente por imagens quaisquer. Ou ainda, por imagens iguais às conchas cabralinas, em suas formas perfeitas e exatas. Mais ainda, na carne animalesca-naturalista que embriaga minha mente em desejos constantemente adormecidos.
Meus olhos refletem quadros-frida, coloridos na composição que vem da alma. Desta incomum - incoerentemente pura. Quadros altivos ainda que com ventania. Não quero tocá-los nem sabê-los. Na ignorância - que é benção - os mantenho intactos.
Quadros do vermelho-puro. De um mar puro (hoje oleado). De um campo antes verde (hoje judiado). Quadro em seus perfeitos quadrados, dos quatros tão queridos do poeta.
domingo, 21 de novembro de 2010
Do Silêncio
"A essência do homem é tão nula que só é belo aquilo que não existe". [R./2]
Em certo momento COM ou SEM, o sentido permanece inabalável. Seja pela ausência que consome, seja pela presença que inexiste. O discurso se converte em constante repetição. O coração já não bate mais forte - talvez mais devagar. Ou, se bate, regride à serenidade que é silêncio.
Silêncio da carne que não entra em atrito. Silêncio da mente que, de exausta, prefere esquecer. Silêncio do dia que repleto do Moderno - hoje Pós-Moderno - muda veloz e, assim, não prende a atenção. Silêncio da noite que sozinha é apenas mais uma noite. Silêncio da alma que, se emociona, copia a maré sem nome que rápido passou (e quebrou).
Dos corpos só restam os próprios corpos. Se superfícies bem modeladas ou não, indiferente. Do olhar só restam os olhos que veem tudo sem enxergar. Da essência não resta a essência, que é nula, fazendo do Belo apenas o que se imagina. E de mim resta o "não sei" que de não registrado, não identificável.
sábado, 13 de novembro de 2010
Da Poética 4
Nesse momento ainda nós nos defendemos
Com nossa essência unilateral e egoísta
Que construiu a parede que nos separa
Sem que sejamos capazes de ultrapassá-la
Nem nos aproximar de tamanha altura
Defenderemos nossos anacrônicos e infantis conceitos
Seja para sairmos impunes -
De um caso em que pode não haver culpados -
Seja para livrarmos nossas tolas consciências
Seja para ferirmos um ao outro
Não poderemos entender nem ao menos tentar
Pois acreditamos não existir mais sentido
Para isso que um dia podia ter sido amor
E nos refugiaremos em nossas ilusões
Para que não possamos enxergar motivos pra voltar
E de todos esses dias ficarão
Os sentidos que aos teus intentaram se unificar
Dos nossos sorrisos juvenis sobrarão apenas
As rugas de quem um dia se entregou
E de quem um dia não foi capaz de se entregar
(22 de abril de 2010)
Com nossa essência unilateral e egoísta
Que construiu a parede que nos separa
Sem que sejamos capazes de ultrapassá-la
Nem nos aproximar de tamanha altura
Defenderemos nossos anacrônicos e infantis conceitos
Seja para sairmos impunes -
De um caso em que pode não haver culpados -
Seja para livrarmos nossas tolas consciências
Seja para ferirmos um ao outro
Não poderemos entender nem ao menos tentar
Pois acreditamos não existir mais sentido
Para isso que um dia podia ter sido amor
E nos refugiaremos em nossas ilusões
Para que não possamos enxergar motivos pra voltar
E de todos esses dias ficarão
Os sentidos que aos teus intentaram se unificar
Dos nossos sorrisos juvenis sobrarão apenas
As rugas de quem um dia se entregou
E de quem um dia não foi capaz de se entregar
(22 de abril de 2010)
domingo, 24 de outubro de 2010
Da Epístola 4
"E quando eu percorrer meus dedos pelo corpo de alguém, espero que você sinta". [A.M.]
(24-11-2009)
P.S. Extremamente recortada. Não enviada.
[...]Minha espera não depende de nenhuma chegada dessa vez - como sempre foi. Quero apenas sua partida. Quero que passem anos e um dia você sinta o que foi capaz de fazer. Quero que sua consciência se faça presente por algumas semanas, causando o sufoco que você causa em mim. E quero em breve que "você" se refira a uma pessoa menos podre, ou melhor, que "você" não se refira a ninguém, pois basta conhecer o que uma pessoa é para que minha idealização recue quilômetros e minha decepção aumente centenas destes, fazendo-me um imbecil.
E não posso compartilhar isso com ninguém. E não posso dizer isso a você. Há uma imagem a ser mantida e não posso ser contraditório. Sou feliz! A regra é clara!
E não posso compartilhar isso com ninguém. E não posso dizer isso a você. Há uma imagem a ser mantida e não posso ser contraditório. Sou feliz! A regra é clara!
(24-11-2009)
P.S. Extremamente recortada. Não enviada.
domingo, 3 de outubro de 2010
Da Paródia 3
"Eu esperava". [A.M.]
Lá fora estava estrelado enquanto conversávamos
Estávamos com sono, porém despertos com o teor da conversa:
"Há alguns meses eu venho mantendo uma relação furtiva
Ninguém além de você e essa pessoa sabe disso"
Você disse:
"Não sei ao certo por que eu nunca contei isso a você"
E eu respondi:
"Você está apenas com vontade de me contar isso agora
E não acredito que apenas nós três saibamos"
E eu continuei:
"Eu não conhecia esse seu lado sentimental"
Você respondeu:
"Pois é, às vezes essas coisas acontecem"
Riu e disse:
"Acabei me apaixonando
E sim, estou sofrendo pela distância entre ele e eu"
E eu estremeci
Eu esperava, esperava que pudéssemos nos reencontrar
Eu esperava, esperava que pudéssemos ser amantes
Nós saímos do meio de todo mundo e você disse:
"Eu não acredito!
Como você pode sentir isso ainda?
Todas as vezes que nos vemos você chora
É por isso que não é possível manter uma relação com você
(Uma relação amigável)"
Quando percebi já estava dizendo:
"Você acredita mesmo que ainda pode me afetar?"
Eu estava bêbado, porém tentei raciocinar
Poucos meses antes eu poderia ter dito:
"Eu chorei por você, sim, porque,
Inevitavelmente, ainda te amo"
Eu também um dia acreditei
que alguém me devia alguma coisa
Eu esperava, esperava que pudéssemos desafiar um ao outro
Eu esperava, esperava que pudéssemos rir um do outro
Também acreditei que quando fosse provado que eu estava equivocado
Eu sairia perdendo de alguma forma
Também certa vez pensei que a vida fosse cruel
Na verdade, isso é um ciclo
"Você acha que sou covarde e sinto culpa por sua causa?"
"Eu te acho insensível e acho que você
Não está prestando atenção em mim"
E eu disse:
"Você, de fato, acredita que sou o que você está vendo?
Que sou tão vil, mesmo depois de tudo?"
E você respondeu "sim"
E eu disse:
"Triste foi o dia em que te conheci...
Nem sei por quê ainda tento falar com você
Covarde e egoísta"
Você disse:
"Então, o que você acha de nunca mais falar comigo
E me deixar em paz de uma vez por todas?"
"Eu acho que eu nunca devia ter te conhecido"
Até esse momento controlei meu tom de voz
Mas isso não foi o suficiente
Eu esperava, esperava que pudéssemos dançar juntos
Eu esperava, esperava que pudéssemos acreditar um no outro.
Lá fora estava estrelado enquanto conversávamos
Estávamos com sono, porém despertos com o teor da conversa:
"Há alguns meses eu venho mantendo uma relação furtiva
Ninguém além de você e essa pessoa sabe disso"
Você disse:
"Não sei ao certo por que eu nunca contei isso a você"
E eu respondi:
"Você está apenas com vontade de me contar isso agora
E não acredito que apenas nós três saibamos"
E eu continuei:
"Eu não conhecia esse seu lado sentimental"
Você respondeu:
"Pois é, às vezes essas coisas acontecem"
Riu e disse:
"Acabei me apaixonando
E sim, estou sofrendo pela distância entre ele e eu"
E eu estremeci
Eu esperava, esperava que pudéssemos nos reencontrar
Eu esperava, esperava que pudéssemos ser amantes
Nós saímos do meio de todo mundo e você disse:
"Eu não acredito!
Como você pode sentir isso ainda?
Todas as vezes que nos vemos você chora
É por isso que não é possível manter uma relação com você
(Uma relação amigável)"
Quando percebi já estava dizendo:
"Você acredita mesmo que ainda pode me afetar?"
Eu estava bêbado, porém tentei raciocinar
Poucos meses antes eu poderia ter dito:
"Eu chorei por você, sim, porque,
Inevitavelmente, ainda te amo"
Eu também um dia acreditei
que alguém me devia alguma coisa
Eu esperava, esperava que pudéssemos desafiar um ao outro
Eu esperava, esperava que pudéssemos rir um do outro
Também acreditei que quando fosse provado que eu estava equivocado
Eu sairia perdendo de alguma forma
Também certa vez pensei que a vida fosse cruel
Na verdade, isso é um ciclo
"Você acha que sou covarde e sinto culpa por sua causa?"
"Eu te acho insensível e acho que você
Não está prestando atenção em mim"
E eu disse:
"Você, de fato, acredita que sou o que você está vendo?
Que sou tão vil, mesmo depois de tudo?"
E você respondeu "sim"
E eu disse:
"Triste foi o dia em que te conheci...
Nem sei por quê ainda tento falar com você
Covarde e egoísta"
Você disse:
"Então, o que você acha de nunca mais falar comigo
E me deixar em paz de uma vez por todas?"
"Eu acho que eu nunca devia ter te conhecido"
Até esse momento controlei meu tom de voz
Mas isso não foi o suficiente
Eu esperava, esperava que pudéssemos dançar juntos
Eu esperava, esperava que pudéssemos acreditar um no outro.
domingo, 12 de setembro de 2010
Da regressão
"A essência do homem é tão nula que só é belo aquilo que não existe". [R.]
É uma maré permanente que joga meu corpo junto à areia. Por todas as direções que tento mergulhar. Sinto-me regredindo, despertando com os golpes violentos que recebe a minha epiderme.
Sou o obstinado regressor.
Volta minha mente ao passado. Estudando, analisando detalhes, retalhando-os em pedaços mais ínfimos a cada revisão.
Volta minha alma em direção às profundezas jamais atingidas.
Volta meu corpo à margem. Mais uma vez enganado pelo olhar que avistou outro caminho (inexistente).
Estático.
Sento-me à beira. Molho meus pés na parte insipiente do âmago marinho. Em minha retina uma interrogação marcada a sal. Minha convicção fortemente segura por minhas mãos perfuradas.
Paralelo à brisa do mar está um trilho exato. Estou contido nele. Depois ouço o barulho do bonde. Afasto-me. Crio, então, um momento propício (certamente falido em meu raciocínio) e vou, golpeado por uma contagem atualmente abstrata.
Silêncio.
Mas como o silêncio se há maresia no raio que envolve minha audição?
Silêncio.
Concentração.
Avisto a imensa linha.
Desejo-a, apenas.
Distraio-me, apenas.
Consciência, apenas.
Razão.
É uma maré permanente que joga meu corpo junto à areia. Por todas as direções que tento mergulhar. Sinto-me regredindo, despertando com os golpes violentos que recebe a minha epiderme.
Sou o obstinado regressor.
Volta minha mente ao passado. Estudando, analisando detalhes, retalhando-os em pedaços mais ínfimos a cada revisão.
Volta minha alma em direção às profundezas jamais atingidas.
Volta meu corpo à margem. Mais uma vez enganado pelo olhar que avistou outro caminho (inexistente).
Estático.
Sento-me à beira. Molho meus pés na parte insipiente do âmago marinho. Em minha retina uma interrogação marcada a sal. Minha convicção fortemente segura por minhas mãos perfuradas.
Paralelo à brisa do mar está um trilho exato. Estou contido nele. Depois ouço o barulho do bonde. Afasto-me. Crio, então, um momento propício (certamente falido em meu raciocínio) e vou, golpeado por uma contagem atualmente abstrata.
Silêncio.
Mas como o silêncio se há maresia no raio que envolve minha audição?
Silêncio.
Concentração.
Avisto a imensa linha.
Desejo-a, apenas.
Distraio-me, apenas.
Consciência, apenas.
Razão.
domingo, 22 de agosto de 2010
Dos Sentidos
"Nós na batida, no embalo da rede - matando a sede na saliva". [C.]
Pensei em jogar os filtros no lixo e esconder meu vício. Iria vestir a blusa mais bonita e deixar meu cabelo molhado. Talvez deixaria alguns textos, livros e uma revista jogados pelo chão. As músicas que ouviria ainda não estavam enfileiradas, certamente ouviríamos as suas. Lembrei da parte interna da geladeira e me exaltei um pouco, na preocupação de talvez ela estar vazia. A cama ao lado da minha janela estava numa boa altura - deitados não poderíamos ser vistos. O que eu diria não me causava pânico, pois não passava pela minha mente falar muito. Não havia motivos para te ouvir. Meu interesse era hegemonicamente sensorial. Contudo, meu pacto não seria rompido.
Tato. Sentir os contornos da sua face e as pontas dos seus dedos.
Tato. Sentir suas mãos, mesmo que por cima da blusa mais bonita.
Visão. Olhar no fundo dos seus olhos e enxergá-los abandonados.
Visão. Você enxergando o antigo garoto ingênuo.
Olfato. Aspirar você na certeza de que está ao meu lado.
Olfato. Você relembrando o cheiro que já não sinto.
Paladar. Reexperimentar o gosto amargo do seu pescoço e da sua boca.
Paladar. Você reexperimentando a carne rejeitada.
Audição. Você verbalizando outra desilusão.
Escureceu tranquilamente. Adormeci tranquilamente. Não havia motivo pra desespero. A distância já atingiu uma proporção tão significativa, que nem posso localizar você em meu peito.
O esperado. O repetido.
Amanheceu tranquilamente.
Pensei em jogar os filtros no lixo e esconder meu vício. Iria vestir a blusa mais bonita e deixar meu cabelo molhado. Talvez deixaria alguns textos, livros e uma revista jogados pelo chão. As músicas que ouviria ainda não estavam enfileiradas, certamente ouviríamos as suas. Lembrei da parte interna da geladeira e me exaltei um pouco, na preocupação de talvez ela estar vazia. A cama ao lado da minha janela estava numa boa altura - deitados não poderíamos ser vistos. O que eu diria não me causava pânico, pois não passava pela minha mente falar muito. Não havia motivos para te ouvir. Meu interesse era hegemonicamente sensorial. Contudo, meu pacto não seria rompido.
Tato. Sentir os contornos da sua face e as pontas dos seus dedos.
Tato. Sentir suas mãos, mesmo que por cima da blusa mais bonita.
Visão. Olhar no fundo dos seus olhos e enxergá-los abandonados.
Visão. Você enxergando o antigo garoto ingênuo.
Olfato. Aspirar você na certeza de que está ao meu lado.
Olfato. Você relembrando o cheiro que já não sinto.
Paladar. Reexperimentar o gosto amargo do seu pescoço e da sua boca.
Paladar. Você reexperimentando a carne rejeitada.
Audição. Você verbalizando outra desilusão.
Escureceu tranquilamente. Adormeci tranquilamente. Não havia motivo pra desespero. A distância já atingiu uma proporção tão significativa, que nem posso localizar você em meu peito.
O esperado. O repetido.
Amanheceu tranquilamente.
domingo, 15 de agosto de 2010
Do Arrependimento
"Oh! Tudo o que eu fiz por você. Várias situações desagradáveis. [...] Oh! Todos os livros que não li por você. Quantas vezes mordi a língua por sua causa. [...]Quantos riscos corridos por sua causa. (Nenhum arrependimento)". [A.M.]
Algo que mudaria se pudesse voltar ao passado?
Se eu mudasse e, ainda assim, continuasse com a consciência q tenho hj...seriam tantas coisas:
Algo que mudaria se pudesse voltar ao passado?
Se eu mudasse e, ainda assim, continuasse com a consciência q tenho hj...seriam tantas coisas:
- certamente teria buscado menos rejeição;
- mudaria a maneira de me entregar pras pessoas;
- teria despoetizado minhas pseudorelações;
- daria bem menos murros em pontas de facas;
- teria aproveitado bem mais meus 2 1os anos acadêmicos;
- teria me exposto muito menos;
- teria sido racional, nas vezes em q eu nunca deveria ter sido sentimental;
- teria idelizado bem menos e me desiludido antes com pessoas e momentos;
- teria controlado mais minha libido:P
hehehehe...não há momentos específicos...eu me sinto um pouco aliviado por saber quais são as coisas q eu mudaria. Mudar não posso, mas, insistentemente, tento me reformular a partir dos supostos erros q cometi. =D
P.S.: Fonte> http://www.formspring.me/prevaricaDan
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Do Abraço
"Então me abraça forte e diz mais uma vez que já estamos distante de tudo." [L.U.]
"Porque quando você me abraça o mundo gira devagar." [P.]
"Porque quando você me abraça o mundo gira devagar." [P.]
Queria mergulhar nas diversas faces de ti e fazer-me eternizar em tua mente. Ser capaz de reformular o que em ti existe e me fere. Fazer-te entender que não há sobrevivência sem nós. Amarrar-te em meu abraço de uma maneira que o sufoco nele não seja sentido, mas longe dele.
Olhos de tempestade. Perdidos olhos. Quanto desse muro se ergueu entre nós. Queria teu abraço, apenas. Então percebi que precisavas mais do meu abraço do que eu do teu. Fomos crianças não inocentes. Nossa pureza rapidamente se perdeu ou simplesmente não existiu.
Se a leveza estava em teu abraço, se meu abraço era tão querido por ti, o que fizemos desse desejo que se esvaiu com a bruma de junho?
Olhinhos de amendoim. Boca de luar. Num dia desses percebi que algo em mim foi perdido. No descanso tentei encontrar em um vestígio qualquer, isso que me elevava e trazia a insegurança do teu olhar e a claridade do teu sorriso.
Fácil foi entender que minha proteção foi por ti grandemente desejada e quando partiste levou de mim a leveza do meu aconchego.
Agora, numa lacuna qualquer, percebo meu grave abraço atribuído a quem se distrai. Sem sonho nem faço menção em entregar-me. Logo a partida vem e lá está meu olhar perdido no amanhecer.
Olhos de tempestade. Perdidos olhos. Quanto desse muro se ergueu entre nós. Queria teu abraço, apenas. Então percebi que precisavas mais do meu abraço do que eu do teu. Fomos crianças não inocentes. Nossa pureza rapidamente se perdeu ou simplesmente não existiu.
Se a leveza estava em teu abraço, se meu abraço era tão querido por ti, o que fizemos desse desejo que se esvaiu com a bruma de junho?
Olhinhos de amendoim. Boca de luar. Num dia desses percebi que algo em mim foi perdido. No descanso tentei encontrar em um vestígio qualquer, isso que me elevava e trazia a insegurança do teu olhar e a claridade do teu sorriso.
Fácil foi entender que minha proteção foi por ti grandemente desejada e quando partiste levou de mim a leveza do meu aconchego.
Agora, numa lacuna qualquer, percebo meu grave abraço atribuído a quem se distrai. Sem sonho nem faço menção em entregar-me. Logo a partida vem e lá está meu olhar perdido no amanhecer.
domingo, 8 de agosto de 2010
Da Poética 3
Hoje esquecerei que o mundo existe
e pensarei em mim mesmo
Olharei comovido para meu sorriso triste
e nele buscarei o passo seguinte
Pois hoje será o dia em que despreocupado estarei
com as incertezas da minha vida
Hoje eu viajarei pelo meu corpo
e me encantarei com cada um dos meus passos
Respirarei esse ar embaçado
e num tato leve acariciarei meu cabelo
Pois hoje triste é o amanhecer da vida
e sem mim não posso me conter
Hoje não pensarei em ninguém
e ouvirei minhas canções favoritas
As palavras alheias distante estarão
para que eu possa não chorar
Pois hoje fingirei que o
cansaço-amargura-sufoco não existe
Hoje sentirei a luz em minha face
e o calor em minha pele
O toque que não mais sentirei será esquecido
justamente por não ser sentido
Pois hoje o amor se machucou
e decidiu esconder-se de seus delatores
e pensarei em mim mesmo
Olharei comovido para meu sorriso triste
e nele buscarei o passo seguinte
Pois hoje será o dia em que despreocupado estarei
com as incertezas da minha vida
Hoje eu viajarei pelo meu corpo
e me encantarei com cada um dos meus passos
Respirarei esse ar embaçado
e num tato leve acariciarei meu cabelo
Pois hoje triste é o amanhecer da vida
e sem mim não posso me conter
Hoje não pensarei em ninguém
e ouvirei minhas canções favoritas
As palavras alheias distante estarão
para que eu possa não chorar
Pois hoje fingirei que o
cansaço-amargura-sufoco não existe
Hoje sentirei a luz em minha face
e o calor em minha pele
O toque que não mais sentirei será esquecido
justamente por não ser sentido
Pois hoje o amor se machucou
e decidiu esconder-se de seus delatores
(22 de fevereiro de 2010)
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Da Epístola 3
"Quando me vi tendo de viver comigo, apenas, e com o mundo, você me veio como um sonho bom e me assustei - não sou perfeito". [L.U.]
P.S. Versão original. Enviada.
Há poucos minutos acordei. Novamente meu primeiro pensamento do dia foi você...
Pensar em você é sentir um aperto forte no peito, pois você não está aqui do meu lado. Então lembro do teu rostinho lindo, lembro da tua boca encostando na minha, da sua voz falando algo que me faz rir.
Já não me assusto por sentir o que eu sinto. Sempre foi rápido mesmo a maneira com que comecei a gostar e com você não está sendo diferente. Estou gostando muito de você e isso só está crescendo dentro de mim.
Mesmo quando tudo parece perdido, mesmo quando a gente se desentende (e como odeio quando isso acontece), mesmo quando ouço vozes gritando pra que eu vá pelo outro caminho, é sempre o caminho que me leva até você que meu coração pede que eu siga.
Ainda que as coisas saiam do eixo e você não seja e ñ faça tudo como eu esperei um dia...você é tudo o que eu quero pra mim. Enfim, você é o que de mais bonito está acontecendo na minha vida e tudo o que eu realmente quero é que a gente dê certo junto. (14 de março de 2009)
Pensar em você é sentir um aperto forte no peito, pois você não está aqui do meu lado. Então lembro do teu rostinho lindo, lembro da tua boca encostando na minha, da sua voz falando algo que me faz rir.
Já não me assusto por sentir o que eu sinto. Sempre foi rápido mesmo a maneira com que comecei a gostar e com você não está sendo diferente. Estou gostando muito de você e isso só está crescendo dentro de mim.
Mesmo quando tudo parece perdido, mesmo quando a gente se desentende (e como odeio quando isso acontece), mesmo quando ouço vozes gritando pra que eu vá pelo outro caminho, é sempre o caminho que me leva até você que meu coração pede que eu siga.
Ainda que as coisas saiam do eixo e você não seja e ñ faça tudo como eu esperei um dia...você é tudo o que eu quero pra mim. Enfim, você é o que de mais bonito está acontecendo na minha vida e tudo o que eu realmente quero é que a gente dê certo junto. (14 de março de 2009)
P.S. Versão original. Enviada.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Da Paródia 2
"Eu acordo sozinho". [A.W.]
P.S. Paródia, aqui, não diz respeito ao termo em que se lança mão o uso da comicidade
Tudo certo, durante o dia me mantenho ocupado
Compromissado o suficiente para não me perguntar onde eles estão
Estou cansado de chorar!
Então, ultimamente, quando me pego assim - em devaneio - viro o jogo:
Levanto-me e logo vou estudar - pelo menos não estou bebendo
Ando por aí, então - concentrado. Assim não preciso pensar em pensar
Esse silencioso senso de contentamento que todo mundo tem...
Desaparece quando o sol se põe.
Se eu fosse meu coração preferiria ser durão
No momento em que paro, o sono me pega e eu fico sem fôlego
Essa dor eu meu peito ocasionada pelo fim de mais um dia
A escuridão me cobre e não consigo correr
Meu coração congela!
Fico na frente deles - é tudo o que posso fazer para assegurá-los
Quando eles vêm até mim me derreto por eles...
Afogando-se em mim
Nós dançamos sob a luz azul
Os rostos deles vêm em meus sonhos, prendem-se em meu interior
Enchem-me de coragem
Mergulhados em minha alma, nadam em meus olhos através da cama
Pobre de mim sem aquelas ilusões
A lua está indo embora...
E eu acordo sozinho!
Compromissado o suficiente para não me perguntar onde eles estão
Estou cansado de chorar!
Então, ultimamente, quando me pego assim - em devaneio - viro o jogo:
Levanto-me e logo vou estudar - pelo menos não estou bebendo
Ando por aí, então - concentrado. Assim não preciso pensar em pensar
Esse silencioso senso de contentamento que todo mundo tem...
Desaparece quando o sol se põe.
Se eu fosse meu coração preferiria ser durão
No momento em que paro, o sono me pega e eu fico sem fôlego
Essa dor eu meu peito ocasionada pelo fim de mais um dia
A escuridão me cobre e não consigo correr
Meu coração congela!
Fico na frente deles - é tudo o que posso fazer para assegurá-los
Quando eles vêm até mim me derreto por eles...
Afogando-se em mim
Nós dançamos sob a luz azul
Os rostos deles vêm em meus sonhos, prendem-se em meu interior
Enchem-me de coragem
Mergulhados em minha alma, nadam em meus olhos através da cama
Pobre de mim sem aquelas ilusões
A lua está indo embora...
E eu acordo sozinho!
P.S. Paródia, aqui, não diz respeito ao termo em que se lança mão o uso da comicidade
domingo, 1 de agosto de 2010
Da Culpa
"Só não se perca ao entrar no meu Infinito Particular". [M.M.]
Céus!
Esse tempo gelado pede um abraço. Dá brechas a inúmeros devaneios criados por minha doce imaginação.
Um dia parto para uma vida em terras quentes, na tentativa de fugir dessa lacuna que se forma em todas as vezes que a obstinada brisa se aconchega em minha volta.
Enquanto isso me encho de blusas e cobertas para não sentir essa vacuidade de maneira tão forte.
E amanhã despertar, avistar da cama a bruma que não permite essa luz tão forte, imprenscindível para sobreviver, adentrar.
E continuar.
Mais um dia. Apenas outro dia.
Esse tempo gelado pede um abraço. Dá brechas a inúmeros devaneios criados por minha doce imaginação.
Um dia parto para uma vida em terras quentes, na tentativa de fugir dessa lacuna que se forma em todas as vezes que a obstinada brisa se aconchega em minha volta.
Enquanto isso me encho de blusas e cobertas para não sentir essa vacuidade de maneira tão forte.
E amanhã despertar, avistar da cama a bruma que não permite essa luz tão forte, imprenscindível para sobreviver, adentrar.
E continuar.
Mais um dia. Apenas outro dia.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Da Loucura
"Eu não sei se o que eu sinto por você é doença ou paixão." [C.]
P.S. "Mesmo se as estrelas começassem a cair, luz queimasse tudo ao redor e fosse o fim chegando cedo, você visse nosso corpo em chamas. 'Deixa pra lá'".
Perdi as contas das vezes que estive doente. Recordo-me, porém, de todos os sintomas:
- Calafrios por todo o corpo;
- Mãos gélidas e trêmulas;
- Pernas bambeantes;
- Pensamentos fixos;
- Embrulhos estomacais (normalmente ocasionados pela ingestão de borboletas - inteiras [elas batem as asas permanentemente dentro de você]);
- Racionalidade inexistente.
Em mim existem alguns acréscimos:
- Decepções constantes;
- Idealizações não condizentes ao real;
- Atidudes e palavras sufocadas;
- Verdade equivalente a esclerose.
Se tais sintomas ocorrerem é eminentemente necessário recorrer aos seguintes medicamentos:
- Desligar-se completamente do mundo cibernético;
- Golpear constantemente os pensamentos;
- Apoiar-se regularmente em leituras;
- Mastigar a língua ao desejo de falar.
E quando adoecer corresponder ao primeiro olhar?
Resposta: FODEU!
Na real - papo reto - paixão é algo tão cruel, às vezes. Isso já é do conhecimento de todos, mas ouço a maioria das pessoas falarem em sentimento gradual (conhecer, depois gostar). Como proceder quando ocorrer o caminho inverso? - gostar, depois conhecer.
Não paro de me preocupar, pois - putamerda - só me ocorre o caminho inverso disso. Quanto mais o tempo passa pra mim, mais acredito que esse caminho normalmente seguido me será impossível.
Acredito ser tão desnecessário conhecer. Não. Explico: conhecer é necessário, mas como é possível despertar de si mesmo um sentimento depois de tanto tempo? Conhecer exige tempo. Enquanto você espera conhecer quantos dias não terão passado? Quanto do toque desejado não será sentido?
Eu me curvo à racionalidade. Parabenizo a calmaria. Juro que já tentei até me controlar, contudo, aaah! um sorriso ou uma palavra qualquer me desarma inteiro. Minha mente apaga qualquer resquício de razão e lá estou eu - pulsando.
Talvez seja a idade, ainda não tão avançada. Quem sabe um dia desses eu consiga coincidir o conhecer ao amar. Isso me soa tão impossível. E o problema todo está aí: por não conhecer (pelo menos um pouco) vou passando por cima de várias coisas, abstraindo ressentimentos, desvalorizando a mim mesmo. Desse jeito a única possibilidade é contar com a sorte.
Mas amo - sim! E por que não?
Deixo claro. Não é simplesmente olhar e pronto. Há, ao menos, o inicial interesse de quem avisto. Uma, duas, três vezes já são suficientes para que meu eixo seja esquecido. Quem sabe um dia desses isso aconteça com alguém que também saiba se entregar. Sem dramas, sem tramas. Descartemos o Orgulho (não devo ter isso). Nada de planinhos de início na intenção de conquistar. Entrega.
O problema de muitos é a crença de que a vida é eterna. Meu problema é pensar que viverei até amanhã.
- Calafrios por todo o corpo;
- Mãos gélidas e trêmulas;
- Pernas bambeantes;
- Pensamentos fixos;
- Embrulhos estomacais (normalmente ocasionados pela ingestão de borboletas - inteiras [elas batem as asas permanentemente dentro de você]);
- Racionalidade inexistente.
Em mim existem alguns acréscimos:
- Decepções constantes;
- Idealizações não condizentes ao real;
- Atidudes e palavras sufocadas;
- Verdade equivalente a esclerose.
Se tais sintomas ocorrerem é eminentemente necessário recorrer aos seguintes medicamentos:
- Desligar-se completamente do mundo cibernético;
- Golpear constantemente os pensamentos;
- Apoiar-se regularmente em leituras;
- Mastigar a língua ao desejo de falar.
E quando adoecer corresponder ao primeiro olhar?
Resposta: FODEU!
Na real - papo reto - paixão é algo tão cruel, às vezes. Isso já é do conhecimento de todos, mas ouço a maioria das pessoas falarem em sentimento gradual (conhecer, depois gostar). Como proceder quando ocorrer o caminho inverso? - gostar, depois conhecer.
Não paro de me preocupar, pois - putamerda - só me ocorre o caminho inverso disso. Quanto mais o tempo passa pra mim, mais acredito que esse caminho normalmente seguido me será impossível.
Acredito ser tão desnecessário conhecer. Não. Explico: conhecer é necessário, mas como é possível despertar de si mesmo um sentimento depois de tanto tempo? Conhecer exige tempo. Enquanto você espera conhecer quantos dias não terão passado? Quanto do toque desejado não será sentido?
Eu me curvo à racionalidade. Parabenizo a calmaria. Juro que já tentei até me controlar, contudo, aaah! um sorriso ou uma palavra qualquer me desarma inteiro. Minha mente apaga qualquer resquício de razão e lá estou eu - pulsando.
Talvez seja a idade, ainda não tão avançada. Quem sabe um dia desses eu consiga coincidir o conhecer ao amar. Isso me soa tão impossível. E o problema todo está aí: por não conhecer (pelo menos um pouco) vou passando por cima de várias coisas, abstraindo ressentimentos, desvalorizando a mim mesmo. Desse jeito a única possibilidade é contar com a sorte.
Mas amo - sim! E por que não?
Deixo claro. Não é simplesmente olhar e pronto. Há, ao menos, o inicial interesse de quem avisto. Uma, duas, três vezes já são suficientes para que meu eixo seja esquecido. Quem sabe um dia desses isso aconteça com alguém que também saiba se entregar. Sem dramas, sem tramas. Descartemos o Orgulho (não devo ter isso). Nada de planinhos de início na intenção de conquistar. Entrega.
O problema de muitos é a crença de que a vida é eterna. Meu problema é pensar que viverei até amanhã.
P.S. "Mesmo se as estrelas começassem a cair, luz queimasse tudo ao redor e fosse o fim chegando cedo, você visse nosso corpo em chamas. 'Deixa pra lá'".
terça-feira, 27 de julho de 2010
Do Trauma
"Teu corpo é gostoso, teu rosto é bonito". [L.U.]
Sigo um princípio: se a beleza for grande, nem tento.
Se por devaneios advindos da cerveja eu infringir tal princípio concluo-me tolo.
É, eu não me garanto mesmo. Sinto-me desinteressante mesmo. E estou tão fechado para possibilidades de felicidade instantânea e efêmera (uma boca qualquer na minha, numa noite em que eu esteja por aí) que me espanto com qualquer interesse atribuído a mim.
Duvido de elogios. Desconsidero-os.
Eu busquei tanto a rejeição que hoje ela já me parece certeira. Em qualquer tentativa dou passos atrás e desvio do caminho para não ouvir negativas. Ando dizendo por aí que a solidão me faz bem, mas logicamente é mentira. Muito mais confortável é bolar uma desculpa para esse "dom de conquistar" que não me cabe.
Traumas são tão crueis.
Quando, por falta de opções, alguém me aceita ou procura fico curioso, desejo saber qual motivo para suposto interesse. "Olha pra mim! Existem pessoas melhores por aí...". Não encontro respostas, mas prefiro acreditar que todo mundo sente um pouco de carência, ocasionando minha não solidão momentânea.
Admiro fotos de quem esteve presente. Vejo beleza e morro na dúvida. Uma beleza unânime me faz desviar o olhar, como se fosse uma ofensa aos meus olhos.
Como uma nova mania para camuflar o desinteresse, perco bem menos tempo frente ao espelho, assim tenho uma desculpa para não receber o olhar de ninguém.
Sim. Traumas são crueis.
Se por devaneios advindos da cerveja eu infringir tal princípio concluo-me tolo.
É, eu não me garanto mesmo. Sinto-me desinteressante mesmo. E estou tão fechado para possibilidades de felicidade instantânea e efêmera (uma boca qualquer na minha, numa noite em que eu esteja por aí) que me espanto com qualquer interesse atribuído a mim.
Duvido de elogios. Desconsidero-os.
Eu busquei tanto a rejeição que hoje ela já me parece certeira. Em qualquer tentativa dou passos atrás e desvio do caminho para não ouvir negativas. Ando dizendo por aí que a solidão me faz bem, mas logicamente é mentira. Muito mais confortável é bolar uma desculpa para esse "dom de conquistar" que não me cabe.
Traumas são tão crueis.
Quando, por falta de opções, alguém me aceita ou procura fico curioso, desejo saber qual motivo para suposto interesse. "Olha pra mim! Existem pessoas melhores por aí...". Não encontro respostas, mas prefiro acreditar que todo mundo sente um pouco de carência, ocasionando minha não solidão momentânea.
Admiro fotos de quem esteve presente. Vejo beleza e morro na dúvida. Uma beleza unânime me faz desviar o olhar, como se fosse uma ofensa aos meus olhos.
Como uma nova mania para camuflar o desinteresse, perco bem menos tempo frente ao espelho, assim tenho uma desculpa para não receber o olhar de ninguém.
Sim. Traumas são crueis.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Da Interpretação
"Você vê tudo, vê cada pedacinho". [A.M.]
Creio que não há nada mais triste para mim do que ser mal interpretado.
De diversas maneiras eu tento transparecer alguém que existe em mim, mas que às vezes é ofuscado por uma grossa casca formada por todas as frustrações que tive.
Não consigo não me incomodar com qualquer sorriso de lado que atribuem a mim.
Explico, divago, aponto teorias. Busco em minha memória provas para que possam entender o exato motivo das minhas ações e palavras.
Um olhar de soslaio acaba comigo, um tom de ironia me destroi.
Por um grande período de tempo eu me autoanaliso, coloco-me no lugar de quem pensou errado. Julgo-me culpado. Acabo comigo mesmo. Dou valor a detalhes que não importam a ninguém.
Sinto-me cansado. Envelheço mas ainda sou capaz de brincar. Contudo, pra essa criança que em mim existe, o brilho no olhar, a esperança, parece ter se perdido.
Angústia.
De diversas maneiras eu tento transparecer alguém que existe em mim, mas que às vezes é ofuscado por uma grossa casca formada por todas as frustrações que tive.
Não consigo não me incomodar com qualquer sorriso de lado que atribuem a mim.
Explico, divago, aponto teorias. Busco em minha memória provas para que possam entender o exato motivo das minhas ações e palavras.
Um olhar de soslaio acaba comigo, um tom de ironia me destroi.
Por um grande período de tempo eu me autoanaliso, coloco-me no lugar de quem pensou errado. Julgo-me culpado. Acabo comigo mesmo. Dou valor a detalhes que não importam a ninguém.
Sinto-me cansado. Envelheço mas ainda sou capaz de brincar. Contudo, pra essa criança que em mim existe, o brilho no olhar, a esperança, parece ter se perdido.
Angústia.
domingo, 25 de julho de 2010
Da Poética 2
Não posso esconder mais nada
Você fez o que eu já não acreditava que pudesse acontecer
Trouxe o que ninguém foi capaz
E eu consigo sorrir ao lembrar de você
Mesmo quando está frio
Mesmo quando nada está legal
Mesmo quando vejo que os planos saíram do eixo
Pois eu sei que logo estaremos juntos
Você não disse não
Quando eu precisei tanto de um sim
Você não silenciou
Quando eu precisei tanto de uma voz perto de mim
Você não escureceu
Quando eu tanto precisei de uma luz pra me guiar
Mesmo quando estou cansado
Mesmo quando sou julgado
Mesmo quando meu sonho se distanciou ainda mais da realidade
Eu ainda assim posso sorrir
Pois eu lembro de você
E sei que logo estaremos juntos
E não quero interferir na sua liberdade
Não quero falar quando o silêncio você desejar
E não quero exagerar no seu momento de cautela
Não quero intimidar seu momento de explosão
Pois mesmo juntos eu consigo me sentir livre
Porque sua presença sem a sua voz
Já é suficiente para me acalmar
Pois é bela a pureza da sua rara timidez
Pois é um imenso prazer sentir sua intensidade
Enxergam meu sorriso agora
E estranham pois eu estava apenas pensando
Suspeitam novamente da minha loucura
E estão certos de que eu não tenho explicação
Mas se um dia me perguntarem
Porque meu riso nasce do meu pensamento
Porque a alegria está presente no meu dia
Em algum inesperado momento
Eu direi que existe um culpado por tudo isso
Que habita meus pensamentos
Que acalma meu coração
E que sacia meu desejo...sim!
Você fez o que eu já não acreditava que pudesse acontecer
Trouxe o que ninguém foi capaz
E eu consigo sorrir ao lembrar de você
Mesmo quando está frio
Mesmo quando nada está legal
Mesmo quando vejo que os planos saíram do eixo
Pois eu sei que logo estaremos juntos
Você não disse não
Quando eu precisei tanto de um sim
Você não silenciou
Quando eu precisei tanto de uma voz perto de mim
Você não escureceu
Quando eu tanto precisei de uma luz pra me guiar
Mesmo quando estou cansado
Mesmo quando sou julgado
Mesmo quando meu sonho se distanciou ainda mais da realidade
Eu ainda assim posso sorrir
Pois eu lembro de você
E sei que logo estaremos juntos
E não quero interferir na sua liberdade
Não quero falar quando o silêncio você desejar
E não quero exagerar no seu momento de cautela
Não quero intimidar seu momento de explosão
Pois mesmo juntos eu consigo me sentir livre
Porque sua presença sem a sua voz
Já é suficiente para me acalmar
Pois é bela a pureza da sua rara timidez
Pois é um imenso prazer sentir sua intensidade
Enxergam meu sorriso agora
E estranham pois eu estava apenas pensando
Suspeitam novamente da minha loucura
E estão certos de que eu não tenho explicação
Mas se um dia me perguntarem
Porque meu riso nasce do meu pensamento
Porque a alegria está presente no meu dia
Em algum inesperado momento
Eu direi que existe um culpado por tudo isso
Que habita meus pensamentos
Que acalma meu coração
E que sacia meu desejo...sim!
(19 de junho de 2008)
sábado, 24 de julho de 2010
Da Epístola 2
"E tudo o que eu realmente quero é uma sintonia. Tudo o que eu realmente quero é uma relação intelectual - uma alma para cavar mais fundo". [A.M.]
[...]
P.S. Extremamente recortada. Enviada.
[...]
Você me fez rir a toa; fez-me sonhar acordado antes de dormir; fez-me acordar mais feliz, pois eu tinha pra onde fugir qdo as coisas ñ estivessem boas; eu tinha onde encostar minha cabeça e lamentar e receber a forma mais pura de carinho depois disso. Pois sua presença era o suficiente. Vc me era suficiente.
[...]
Qto mais longe eu deixar essa situação chegar, mais machucado eu posso ficar. Lembra daquela emoção da 1ª semana? eu ainda a posso sentir, posso sentir q ela está crescendo, além disso.
Mas...e vc? vc consegue sentir emoção? vc consegue me engajar nos seus planos? vc consegue abdicar de seu tempo pra ficar comigo? vc consegue sentir orgulho de mim? vc consegue me ver, fazendo parte da sua vida, no futuro?
[...]
Mas eu ñ posso segurar [...] sozinho. [...]
Os sentimentos são irracionais, então não posso exigir q vc sinta o mesmo por mim. E antes q eu esteja afogado nesse sentimento, prefiro nadar para junto de vc, e ficar na superfície. Preciso pensar em mim, e me conhecendo bem, sei q seria uma pessoa bem ferrada, se vc decidisse ñ querer mais, depois de um certo tempo.
Talvez vc pense..."como ele pode ser idiota? ñ tem como saber até qdo estarei afim"...talvez ñ tenha mesmo, mas eu ñ posso ficar na expectativa de q vc se apaixone tb. No fundo vc deve saber o q quer de mim. E, desculpe a redundância, mas...vc sente emoção ao pensar em mim? sente teu coração acelerar? se vc ñ consegue sentir isso, é pq ñ sou eu, mesmo - infelizmente.
Fico mto feliz por ter te conhecido, por ter dado, mesmo q por pouco tempo, um grande sentido na minha vida. Vc foi o mais próximo q consegui chegar...
[...] (11 de julho de 2008)
[...]
Qto mais longe eu deixar essa situação chegar, mais machucado eu posso ficar. Lembra daquela emoção da 1ª semana? eu ainda a posso sentir, posso sentir q ela está crescendo, além disso.
Mas...e vc? vc consegue sentir emoção? vc consegue me engajar nos seus planos? vc consegue abdicar de seu tempo pra ficar comigo? vc consegue sentir orgulho de mim? vc consegue me ver, fazendo parte da sua vida, no futuro?
[...]
Mas eu ñ posso segurar [...] sozinho. [...]
Os sentimentos são irracionais, então não posso exigir q vc sinta o mesmo por mim. E antes q eu esteja afogado nesse sentimento, prefiro nadar para junto de vc, e ficar na superfície. Preciso pensar em mim, e me conhecendo bem, sei q seria uma pessoa bem ferrada, se vc decidisse ñ querer mais, depois de um certo tempo.
Talvez vc pense..."como ele pode ser idiota? ñ tem como saber até qdo estarei afim"...talvez ñ tenha mesmo, mas eu ñ posso ficar na expectativa de q vc se apaixone tb. No fundo vc deve saber o q quer de mim. E, desculpe a redundância, mas...vc sente emoção ao pensar em mim? sente teu coração acelerar? se vc ñ consegue sentir isso, é pq ñ sou eu, mesmo - infelizmente.
Fico mto feliz por ter te conhecido, por ter dado, mesmo q por pouco tempo, um grande sentido na minha vida. Vc foi o mais próximo q consegui chegar...
[...] (11 de julho de 2008)
P.S. Extremamente recortada. Enviada.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Da Paródia 1
"Você deve saber". [A.M.]
Quero que você saiba que estou feliz por vocês
Não desejo nada, exceto o melhor para ambos
Uma versão mais madura de mim?
Ele é tão pervertido quanto eu?
Faria sexo oral em você melhor do que eu?
Ele pulsa como eu?
E ele planejou um futuro com você?
Tenho certeza que ele seria o parceiro ideal
Porque o desejo que você transmitiu e que nós construímos
não foi capaz de fazer com que você se abrisse totalmente, não!
E toda vez que você fala o nome dele
Ele sabe como você usava as mesmas estratégias comigo?
Com as mesmas ínfimas intenções?
Mas isso ele nem deve imaginar
Você parece muito bem, as coisas parecem em paz
Eu não estou tão bem assim, achei que você deveria saber
Você se esqueceu de mim, Ms. Falsidade?
Detesto te incomodar durante o seu descanso
Foi como um tapa na cara o quão repentinamente a indiferença
se fez presente em você
Você pensa em mim enquanto transa com ele?
Porque o brinquedo que você usou era eu
E eu não estrago
E nem vou sumir quando você fechar seus olhos e souber disso
E toda vez que eu passar as mãos no corpo de outro alguém
Espero que você sinta... bem, você consegue sentir isto?
E estou aqui para te lembrar
Da bagunça que você deixou quando foi embora
Não é justo aceitar
O peso que eu carrego e que você me deu
Você, você, você deve saber.
Não desejo nada, exceto o melhor para ambos
Uma versão mais madura de mim?
Ele é tão pervertido quanto eu?
Faria sexo oral em você melhor do que eu?
Ele pulsa como eu?
E ele planejou um futuro com você?
Tenho certeza que ele seria o parceiro ideal
Porque o desejo que você transmitiu e que nós construímos
não foi capaz de fazer com que você se abrisse totalmente, não!
E toda vez que você fala o nome dele
Ele sabe como você usava as mesmas estratégias comigo?
Com as mesmas ínfimas intenções?
Mas isso ele nem deve imaginar
Você parece muito bem, as coisas parecem em paz
Eu não estou tão bem assim, achei que você deveria saber
Você se esqueceu de mim, Ms. Falsidade?
Detesto te incomodar durante o seu descanso
Foi como um tapa na cara o quão repentinamente a indiferença
se fez presente em você
Você pensa em mim enquanto transa com ele?
Porque o brinquedo que você usou era eu
E eu não estrago
E nem vou sumir quando você fechar seus olhos e souber disso
E toda vez que eu passar as mãos no corpo de outro alguém
Espero que você sinta... bem, você consegue sentir isto?
E estou aqui para te lembrar
Da bagunça que você deixou quando foi embora
Não é justo aceitar
O peso que eu carrego e que você me deu
Você, você, você deve saber.
P.S. Paródia, aqui, não diz respeito ao termo em que se lança mão o uso da comicidade.
terça-feira, 20 de julho de 2010
Da Angústia
"Acabou-se. Gosto da pequena, amarro uma pedra no pescoço e mergulho". [G.R.]
P.S. "O amor para mim sempre fora uma coisa dolorosa, complicada e incompleta". [G.R.]
Hipóteses. Tudo até o momento não passou de milhares de pequenas histórias criadas em minha mente, na procura de uma resposta ou de uma intriga.
Eu recebo a boca desejada e desabo. Entrego meu corpo e meu espírito nas mãos de quem desconheço. Ingenuidade minha culpar alguém. Ninguém além de mim mesmo foi capaz de afastar quem nunca esteve próximo.
Armo estratégias, planinhos infantis, na expectativa do reconhecimento que não chega. Controlo-me. Sufoco.
Estou mergulhado sozinho num caso existente apenas pra mim. Enquanto todos sobrevivem eu continuo remoendo o que não aconteceu, buscando alternativas inúteis. Irrelevantes pois já não há proximidade alguma com o ser desejado.
Meses. Semanas inteiras transcorrem até eu finalmente optar por uma postura mais indepentente.
Depois de lágrimas ainda a procura pelo ser um dia almejado, na busca de respostas para sua vida que acontece sem mim. Como é possível?
Outra boca. O que fazer agora?
Falar sobre minhas conquistas, esconder toda minha podridão. Agir depois de receber a ação.
Entrega? Não há. Se ocorre, o afastamento vem em seguida.
Amar ao olhar? Ridículo.
Fácil? Certamente.
Vulgar? Quando o sexo fazia um sentido maior do que faz agora.
E amanhã você vem? Esse questionamento não é permitido. O dever é abrigar o "natural" que tanto falam por aí. E como ser natural se para isso seria necessário eu me entregar? Entrega é o oposto do natural.
Sempre estarei aqui com o mesmo sentimento, os mesmos sonhos, sempre a esperar, sempre sufocando, na mesma angústia, com as ironias de sempre.
Passional? Pulo essa.
Eu recebo a boca desejada e desabo. Entrego meu corpo e meu espírito nas mãos de quem desconheço. Ingenuidade minha culpar alguém. Ninguém além de mim mesmo foi capaz de afastar quem nunca esteve próximo.
Armo estratégias, planinhos infantis, na expectativa do reconhecimento que não chega. Controlo-me. Sufoco.
Estou mergulhado sozinho num caso existente apenas pra mim. Enquanto todos sobrevivem eu continuo remoendo o que não aconteceu, buscando alternativas inúteis. Irrelevantes pois já não há proximidade alguma com o ser desejado.
Meses. Semanas inteiras transcorrem até eu finalmente optar por uma postura mais indepentente.
Depois de lágrimas ainda a procura pelo ser um dia almejado, na busca de respostas para sua vida que acontece sem mim. Como é possível?
Outra boca. O que fazer agora?
Falar sobre minhas conquistas, esconder toda minha podridão. Agir depois de receber a ação.
Entrega? Não há. Se ocorre, o afastamento vem em seguida.
Amar ao olhar? Ridículo.
Fácil? Certamente.
Vulgar? Quando o sexo fazia um sentido maior do que faz agora.
E amanhã você vem? Esse questionamento não é permitido. O dever é abrigar o "natural" que tanto falam por aí. E como ser natural se para isso seria necessário eu me entregar? Entrega é o oposto do natural.
Sempre estarei aqui com o mesmo sentimento, os mesmos sonhos, sempre a esperar, sempre sufocando, na mesma angústia, com as ironias de sempre.
Passional? Pulo essa.
P.S. "O amor para mim sempre fora uma coisa dolorosa, complicada e incompleta". [G.R.]
domingo, 18 de julho de 2010
Da Fantasia
"Eu não posso causar mal nenhum a não ser a mim mesmo." [C.]
P.S. "Viver é muito perigoso". [G.R.]
De repente eu estava na outra ponta do país, com diversas pessoas desconhecidas a minha volta.
Breve, quando há prazer e olho pra trás sinto como se tivesse vivido um sonho. Numa boemia sem fim eu acordava de ressaca, no horário que eu quisesse, coçava a tarde toda e me preparava, à noite, pra mais uma festa.
Risos, risos e risos. Lá estava eu comentando de todas as pessoas relativamente estranhas que passavam. E sentimentos pulsantes, uma intensidade louca que me fez perceber o quão minha própria mente pode ser capaz de me ferrar.
Eu me pergunto ainda, como há espaço pra orgulho e repressão quando a vida esfrega a todo momento em nossas caras a capacidade cruel da passagem do tempo. Antes de embarcar, na volta, olhei o espaço em torno de mim e pensei "Quando estarei aqui novamente?". Lágrimas.
Num sopro veloz fui insuflado à realidade novamente. Disciplina.
Em 7 dias fui capaz de amar. Senti amizades tão fortes chegarem e logo partirem. Fica claro como estamos a todo momento sendo preparados para a morte. Porque é a morte tudo isso. Momentos que nunca mais ocorrerão. Sentimentos que se extinguem com a distância.
O que então é viver se não sonhar?
Eu olho pra semana que acabou de passar e não consigo associar momentos da minha vida com o real. Tudo parece ter sido um sonho bom, mas não parece ter sido vivenciado por mim. Como uma droga que a gente toma e nos faz criar belas situações. Fuga. Procura.
Quando bebo sem amar busco um estágio paralelo de humor que me proporciona uma soltura suave e bonita.
Quando amo, bebo numa intenção desesperada de fuga e dou de cara com a situação. O alcool não me proporciona o esquecimento e sim a intensidade. Volto, então, a lembrar da rejeição que me abriga e desabo. Mas é lindo. Lindo sentir. Pior é passar anestesiado por tudo isso.
Chorar também é bom. Sofrer nem tanto, mas tão inevitável, que desisto de ser forte - seja lá se lágrimas significam fraqueza.
Cá estou eu: minha casa, meu quarto, o conforto, e um sonho de uma semana que pede espaço em minha memória.
Breve, quando há prazer e olho pra trás sinto como se tivesse vivido um sonho. Numa boemia sem fim eu acordava de ressaca, no horário que eu quisesse, coçava a tarde toda e me preparava, à noite, pra mais uma festa.
Risos, risos e risos. Lá estava eu comentando de todas as pessoas relativamente estranhas que passavam. E sentimentos pulsantes, uma intensidade louca que me fez perceber o quão minha própria mente pode ser capaz de me ferrar.
Eu me pergunto ainda, como há espaço pra orgulho e repressão quando a vida esfrega a todo momento em nossas caras a capacidade cruel da passagem do tempo. Antes de embarcar, na volta, olhei o espaço em torno de mim e pensei "Quando estarei aqui novamente?". Lágrimas.
Num sopro veloz fui insuflado à realidade novamente. Disciplina.
Em 7 dias fui capaz de amar. Senti amizades tão fortes chegarem e logo partirem. Fica claro como estamos a todo momento sendo preparados para a morte. Porque é a morte tudo isso. Momentos que nunca mais ocorrerão. Sentimentos que se extinguem com a distância.
O que então é viver se não sonhar?
Eu olho pra semana que acabou de passar e não consigo associar momentos da minha vida com o real. Tudo parece ter sido um sonho bom, mas não parece ter sido vivenciado por mim. Como uma droga que a gente toma e nos faz criar belas situações. Fuga. Procura.
Quando bebo sem amar busco um estágio paralelo de humor que me proporciona uma soltura suave e bonita.
Quando amo, bebo numa intenção desesperada de fuga e dou de cara com a situação. O alcool não me proporciona o esquecimento e sim a intensidade. Volto, então, a lembrar da rejeição que me abriga e desabo. Mas é lindo. Lindo sentir. Pior é passar anestesiado por tudo isso.
Chorar também é bom. Sofrer nem tanto, mas tão inevitável, que desisto de ser forte - seja lá se lágrimas significam fraqueza.
Cá estou eu: minha casa, meu quarto, o conforto, e um sonho de uma semana que pede espaço em minha memória.
P.S. "Viver é muito perigoso". [G.R.]
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Do Belo
"Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo. Tudo que não me deixa em paz." [C.]
20 anos!
São Paulo:
Eu já devia estar pelo chão buscando firmeza em meus joelhos para poder engatinhar. Mais necessariamente D. Maria devia estar acordando pela 3a vez daquele 7 de julho de 1990 para alimentar seu filho de 8 meses.
Rio de Janeiro:
Ele dava seu último suspiro na mesma data, às 7h da manhã, no seu definhamento de corpo que por poucos anos sobreviveu ao terror daquele mal estar permanente.
20 anos Sem ou 20 anos COM?
Agenor. Cazuza. Caju.
Surpreendente. Intenso. BELO.
Na última Segunda-Feira fui num tributo ao Cazuza. A satisfação sentida por ouvir várias de suas músicas foi gigante. Tantas letras que possuem todo o sentido do mundo.
Eu. Que sou um "maior abandonado" pedi "piedade pra essa gente careta e covarde" e admiti novamente que "viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois".
Eu. O único "que podia, dentro da sua orelha fria, dizer segredos de liquidificador" perguntava para a flor ao meu lado "por que a gente é assim" por "dar com a minha cara de panaca pintada no espelho".
Eu. "Num clipe sem nexo" dei uma de "exagerado" e cantei até ferrar meus pulmões "pro dia nascer feliz".
E hoje, cá estou eu encontrando em suas músicas muitas das respostas que a vida não é capaz de dar. Sendo assim, talvez não possa afirmar com tanta convicção que hoje se completam 20 SEM Cazuza.
Ele está soprando seu canto tão doce e esquecido em meus ouvidos. Dizendo tudo o que eu precisava ouvir. Esclarecendo tudo o que me faz pirar. Pulsar.
O que posso, no momento, afirmar com total convicção é justamente o que um dia Cazuza disse ao falar de Cartola (eu sou um plagiadorzinho barato):
"Cazuza não existiu. Foi um sonho que a gente teve."
P.S. "O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível. Uma pureza que está sempre se pondo. Indo embora. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idea de paraíso que nos persegue. Bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói. Amor, Cazuza".
20 anos!
São Paulo:
Eu já devia estar pelo chão buscando firmeza em meus joelhos para poder engatinhar. Mais necessariamente D. Maria devia estar acordando pela 3a vez daquele 7 de julho de 1990 para alimentar seu filho de 8 meses.
Rio de Janeiro:
Ele dava seu último suspiro na mesma data, às 7h da manhã, no seu definhamento de corpo que por poucos anos sobreviveu ao terror daquele mal estar permanente.
20 anos Sem ou 20 anos COM?
Agenor. Cazuza. Caju.
Surpreendente. Intenso. BELO.
Na última Segunda-Feira fui num tributo ao Cazuza. A satisfação sentida por ouvir várias de suas músicas foi gigante. Tantas letras que possuem todo o sentido do mundo.
Eu. Que sou um "maior abandonado" pedi "piedade pra essa gente careta e covarde" e admiti novamente que "viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois".
Eu. O único "que podia, dentro da sua orelha fria, dizer segredos de liquidificador" perguntava para a flor ao meu lado "por que a gente é assim" por "dar com a minha cara de panaca pintada no espelho".
Eu. "Num clipe sem nexo" dei uma de "exagerado" e cantei até ferrar meus pulmões "pro dia nascer feliz".
E hoje, cá estou eu encontrando em suas músicas muitas das respostas que a vida não é capaz de dar. Sendo assim, talvez não possa afirmar com tanta convicção que hoje se completam 20 SEM Cazuza.
Ele está soprando seu canto tão doce e esquecido em meus ouvidos. Dizendo tudo o que eu precisava ouvir. Esclarecendo tudo o que me faz pirar. Pulsar.
O que posso, no momento, afirmar com total convicção é justamente o que um dia Cazuza disse ao falar de Cartola (eu sou um plagiadorzinho barato):
"Cazuza não existiu. Foi um sonho que a gente teve."
P.S. "O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível. Uma pureza que está sempre se pondo. Indo embora. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idea de paraíso que nos persegue. Bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói. Amor, Cazuza".
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Do Debutante
"Engula isso, um Remedinho Amargo" [A.M.]
P.S. Traduções baseadas no Dvd "Jagged Litlle Pill, live" (Assistam!).
Há exatos 15 anos a turnê do Cd que inspirou e traduziu os sentimentos de milhões de pessoas ao redor do mundo teve início.
Num bar dos EUA subia ao palco, com 21 anos e 1 mês, uma mulher usando camisa larga, soprando em sua gaita o início de "All I Really Want".
Meses depois, com as pontas do cabelo quase alcançando a cintura, a cantora Alanis Morissette em uma entrevista afirma que "O que realmente quer" é SILÊNCIO.
Tudo porquê o despretensioso "Jagged Little Pill" não atingiu 1 milhão de cópias, longe disso.
Este, o melhor Cd já lançado em todo o mundo, vendeu 30 milhões de cópias e desestruturou a menina que o compôs, juntamente com os "tops" e premiações existentes acerca da música, já que canções como "Ironic" e "You Learn" atingiram e conquistaram o cume nas rádios e nas premiações, como no Grammy.
É um orgulho e uma tristeza relembrar essa data.
Orgulho pois certamente compartilho essa posição de "o Melhor" Cd existente com diversas pessoas.
Tristeza por ter nascido tão atrasado, visto que, quando o show de tal disco se realizou no Brasil, contava eu com 6 anos e 11 meses.
Mas tudo bem, dizem por aí repetidas vezes "Tudo acontece ao seu tempo", então deixo de lado essa tristeza para expor os motivos que fazem de JLP uma obra de arte.
O primeiro single foi, coincidentemente a música que eu mais amo, "You Oughta Know".
Essa vai pra você, pessoa traída ou substituída que escutará versos do tipo "Faria sexo oral em você no cinema?"; "O brinquedo que você deitou na cama era eu e não estrago, nem sumirei quando você fechar os olhos".
Ao ler a tradução, ainda guri de 15 anos que não sabia nem se cagava ou saía da moita, senti aquele arrepiozinho no corpo, aquele calafrio que adentra, ou seja, aquela emoção extremamente forte quando algo bom acontece.
Em "All I Really Want" encontramos desejos tão parecidos com os nossos, tais como "E tudo o que eu realmente quero é uma sintonia"; "E tudo o que eu realmente quero é uma relação intelectual, uma alma para cavar mais fundo". Sim...e quem não quer?
Nunca compartilhei a ideia de "Perfect", já que nela se traduz um problema familiar em que os pais cobram um tanto de seus filhos, mas a melodia é doce como uma amiga do peito. Lá ouço uma frase forte, como "Qual é o seu problema? Por que você está chorando?".
Ah...e a letra de Hand in my Pocket. Leia em meu ombro a frase mais otimista (e uma das poucas) do disco "E a que tudo se resume é que tudo vai ficar bem bem bem".
Num diálogo com o 1º single, expressa "Righ Through You" um sentimento de ódio explícito em "Você me descartou como um vale-refeição" "Me levou para jantar e transar mas não ouviu nada do que eu disse". Podres, podres, o que seria de nossas vidas sem vocês?
Balizada na religião Católica, Alanis expressa uma certa injustiça em "Forgiven": "Meus irmãos nunca foram culpados pelo que fizeram, mas eu bem que posso ser" e, pra variar, de revolta: "Eu me confessei para um homem invejoso".
Num alívio de tensões encontra-se "You Learn". Muitos acusam Alanis de drogada devido a performance totalmente despirocada que ela mantém no palco. Certamente nessa música encontramos certo motivos para isso. Na turnê, ela dedicava essa música aos fãs e junto à batida da música corria e girava no palco descontroladamente, em intervalos para dizer os famosos versos "Você vive, você aprende". E através dessa "loucura" eu me apaixonei. Ver aqueles longos cabelos no ar ao assistir o Dvd dessa turnê resultaram em diversos calafrios dentro de mim. É demais!
Ouvi dizer que, na única música romântica do Cd o que se tem é uma declaração para uma mulher. Isso se justifica no trailer de "Head Over Feet", pois a Alanis só mostra seu rosto, está escondida, assim como, supostamente, vivencia essa relação homossexual.
Já perdi a conta de quantas vezes escrevi a estrofe "Você já me conquistou apesar do que sou/ Não se preocupe se eu me apaixonar completamente/ Nem se assuste se eu me jogar da cabeça aos pés/ Eu não tive escolha/ A culpa é toda sua". Não é lindo? Pois é, pena que (para mim) nunca deu certo na conquista de alguém, hehehehe. Mas o que importa é que para os amigos que mandei tal sentimento vigora.
"Mary Jane" foi composta para uma amiga da cantora "Você está caminhando em velocidade máxima na direção errada"; "O bonde da última chance saiu do trilho e você estava nele". No fim, Alanis percebeu que a letra da música servia pra ela. E eu percebi que servia pra mim, hehehehe. Vai que também não serve pra você?
E cá está a vencedora do Grammy de 1996: "Ironic" com sua engraçadinha frase "É como conhecer o homem de sua vida e depois conhecer sua linda esposa. Não é irônico?". Não! Não é irônico, minha gente. E é exatamente aí que a ironia se encontra, pois a canção intitulada "Ironic" não é irônica coisa nenhuma. Hahahahahahaha...14 anos depois "Conhecer sua linda esposa" foi substituída nos shows por "Conhecer seu lindo marido" e o guitarrista dava um selinho no baixista. É uma música encantadora, justifica o prêmio e a maioria dos votos dos fãs quando se fala em "a melhor música de Alanis Morissette".
E então encontramos Alanis do outro lado da relação. Em "Not the Doctor" ela escreve à uma pessoa pegajosa e dá várias invertidas. "Eu não quero ser a sua cara metade, acredito que 1 e 1 são 2". Não creio ser relevante explicitar mais versos, nesse já encontra-se uma beleza ímpar. É uma grande permormance na turnê 1995/1996 também. Os gritos dela, os pulos dela, os gestos dela, o cabelo dela, o domínio de palco dela, a expressão facial dela...
Última canção do disco. Em "Wake Up" já se percebe uma tendência mais introspectiva, que será a linha do próximo e também belíssimo CD - Supposed Former Infatuation Junkie. "A rosa que caiu no seu chão não tem valor sentimental algum"; "Há uma aversão óbvia pelo caminho menos difícil de sua vida e nada faria você tentar essa noite" são versos que, sem dúvida, explicam a medalha de prata para essa música quando penso no setlist de Alanis, e também no setlist da minha vida.
Eu disse último? Menti. Tudo bem, na verdade todos mentiram. No Cd você não encontrará escrita a faixa "Your House". Isso porque é "a música escondida". Sim. Foi uma ideia genial. "You oughta Know" é a faixa bônus do CD. Ela também pode ser ouvida depois de "Wake Up", mas se você aguarda pouco mais de um minuto, ouve uma voz, sem acordes nenhum acompanhando, em que o triste refrão exprime, ao final, "E você me perdoaria, amor, pelo sal na sua cama? [...] me perdoaria se eu chorasse a tarde inteira?". Isso porque ela, furtivamente, visita a casa de seu amado e encontra um bilhete de uma outra mulher no qual está marcado um encontro. Triste.
Ahhh...
E é isso. Pois é. Eu já me vi em quase todas as situações/ letras desse CD. E é por isso que eu o amo tanto. É belo você ler e ouvir algo que dialoga, traduz o que você sente. Eu admiro tudo o que consegue me tocar e a todos que também fazem isso. E isso é a causa de eu admirar tanto a Alanis.
1996...ah, se fosse hoje...
Num bar dos EUA subia ao palco, com 21 anos e 1 mês, uma mulher usando camisa larga, soprando em sua gaita o início de "All I Really Want".
Meses depois, com as pontas do cabelo quase alcançando a cintura, a cantora Alanis Morissette em uma entrevista afirma que "O que realmente quer" é SILÊNCIO.
Tudo porquê o despretensioso "Jagged Little Pill" não atingiu 1 milhão de cópias, longe disso.
Este, o melhor Cd já lançado em todo o mundo, vendeu 30 milhões de cópias e desestruturou a menina que o compôs, juntamente com os "tops" e premiações existentes acerca da música, já que canções como "Ironic" e "You Learn" atingiram e conquistaram o cume nas rádios e nas premiações, como no Grammy.
É um orgulho e uma tristeza relembrar essa data.
Orgulho pois certamente compartilho essa posição de "o Melhor" Cd existente com diversas pessoas.
Tristeza por ter nascido tão atrasado, visto que, quando o show de tal disco se realizou no Brasil, contava eu com 6 anos e 11 meses.
Mas tudo bem, dizem por aí repetidas vezes "Tudo acontece ao seu tempo", então deixo de lado essa tristeza para expor os motivos que fazem de JLP uma obra de arte.
O primeiro single foi, coincidentemente a música que eu mais amo, "You Oughta Know".
Essa vai pra você, pessoa traída ou substituída que escutará versos do tipo "Faria sexo oral em você no cinema?"; "O brinquedo que você deitou na cama era eu e não estrago, nem sumirei quando você fechar os olhos".
Ao ler a tradução, ainda guri de 15 anos que não sabia nem se cagava ou saía da moita, senti aquele arrepiozinho no corpo, aquele calafrio que adentra, ou seja, aquela emoção extremamente forte quando algo bom acontece.
Em "All I Really Want" encontramos desejos tão parecidos com os nossos, tais como "E tudo o que eu realmente quero é uma sintonia"; "E tudo o que eu realmente quero é uma relação intelectual, uma alma para cavar mais fundo". Sim...e quem não quer?
Nunca compartilhei a ideia de "Perfect", já que nela se traduz um problema familiar em que os pais cobram um tanto de seus filhos, mas a melodia é doce como uma amiga do peito. Lá ouço uma frase forte, como "Qual é o seu problema? Por que você está chorando?".
Ah...e a letra de Hand in my Pocket. Leia em meu ombro a frase mais otimista (e uma das poucas) do disco "E a que tudo se resume é que tudo vai ficar bem bem bem".
Num diálogo com o 1º single, expressa "Righ Through You" um sentimento de ódio explícito em "Você me descartou como um vale-refeição" "Me levou para jantar e transar mas não ouviu nada do que eu disse". Podres, podres, o que seria de nossas vidas sem vocês?
Balizada na religião Católica, Alanis expressa uma certa injustiça em "Forgiven": "Meus irmãos nunca foram culpados pelo que fizeram, mas eu bem que posso ser" e, pra variar, de revolta: "Eu me confessei para um homem invejoso".
Num alívio de tensões encontra-se "You Learn". Muitos acusam Alanis de drogada devido a performance totalmente despirocada que ela mantém no palco. Certamente nessa música encontramos certo motivos para isso. Na turnê, ela dedicava essa música aos fãs e junto à batida da música corria e girava no palco descontroladamente, em intervalos para dizer os famosos versos "Você vive, você aprende". E através dessa "loucura" eu me apaixonei. Ver aqueles longos cabelos no ar ao assistir o Dvd dessa turnê resultaram em diversos calafrios dentro de mim. É demais!
Ouvi dizer que, na única música romântica do Cd o que se tem é uma declaração para uma mulher. Isso se justifica no trailer de "Head Over Feet", pois a Alanis só mostra seu rosto, está escondida, assim como, supostamente, vivencia essa relação homossexual.
Já perdi a conta de quantas vezes escrevi a estrofe "Você já me conquistou apesar do que sou/ Não se preocupe se eu me apaixonar completamente/ Nem se assuste se eu me jogar da cabeça aos pés/ Eu não tive escolha/ A culpa é toda sua". Não é lindo? Pois é, pena que (para mim) nunca deu certo na conquista de alguém, hehehehe. Mas o que importa é que para os amigos que mandei tal sentimento vigora.
"Mary Jane" foi composta para uma amiga da cantora "Você está caminhando em velocidade máxima na direção errada"; "O bonde da última chance saiu do trilho e você estava nele". No fim, Alanis percebeu que a letra da música servia pra ela. E eu percebi que servia pra mim, hehehehe. Vai que também não serve pra você?
E cá está a vencedora do Grammy de 1996: "Ironic" com sua engraçadinha frase "É como conhecer o homem de sua vida e depois conhecer sua linda esposa. Não é irônico?". Não! Não é irônico, minha gente. E é exatamente aí que a ironia se encontra, pois a canção intitulada "Ironic" não é irônica coisa nenhuma. Hahahahahahaha...14 anos depois "Conhecer sua linda esposa" foi substituída nos shows por "Conhecer seu lindo marido" e o guitarrista dava um selinho no baixista. É uma música encantadora, justifica o prêmio e a maioria dos votos dos fãs quando se fala em "a melhor música de Alanis Morissette".
E então encontramos Alanis do outro lado da relação. Em "Not the Doctor" ela escreve à uma pessoa pegajosa e dá várias invertidas. "Eu não quero ser a sua cara metade, acredito que 1 e 1 são 2". Não creio ser relevante explicitar mais versos, nesse já encontra-se uma beleza ímpar. É uma grande permormance na turnê 1995/1996 também. Os gritos dela, os pulos dela, os gestos dela, o cabelo dela, o domínio de palco dela, a expressão facial dela...
Última canção do disco. Em "Wake Up" já se percebe uma tendência mais introspectiva, que será a linha do próximo e também belíssimo CD - Supposed Former Infatuation Junkie. "A rosa que caiu no seu chão não tem valor sentimental algum"; "Há uma aversão óbvia pelo caminho menos difícil de sua vida e nada faria você tentar essa noite" são versos que, sem dúvida, explicam a medalha de prata para essa música quando penso no setlist de Alanis, e também no setlist da minha vida.
Eu disse último? Menti. Tudo bem, na verdade todos mentiram. No Cd você não encontrará escrita a faixa "Your House". Isso porque é "a música escondida". Sim. Foi uma ideia genial. "You oughta Know" é a faixa bônus do CD. Ela também pode ser ouvida depois de "Wake Up", mas se você aguarda pouco mais de um minuto, ouve uma voz, sem acordes nenhum acompanhando, em que o triste refrão exprime, ao final, "E você me perdoaria, amor, pelo sal na sua cama? [...] me perdoaria se eu chorasse a tarde inteira?". Isso porque ela, furtivamente, visita a casa de seu amado e encontra um bilhete de uma outra mulher no qual está marcado um encontro. Triste.
Ahhh...
E é isso. Pois é. Eu já me vi em quase todas as situações/ letras desse CD. E é por isso que eu o amo tanto. É belo você ler e ouvir algo que dialoga, traduz o que você sente. Eu admiro tudo o que consegue me tocar e a todos que também fazem isso. E isso é a causa de eu admirar tanto a Alanis.
1996...ah, se fosse hoje...
P.S. Traduções baseadas no Dvd "Jagged Litlle Pill, live" (Assistam!).
sábado, 26 de junho de 2010
Da Poética 1
Teu corpo branco, liso e tenso
Envolve meu corpo sedento, esquecido e ardente
O espaço inexiste entre nós
Teus lábios caminham
Por todas as partes do meu corpo
Isso é o que você mais deseja -
Sentir prazer em nosso irreal espaço
Isso é o que eu mais desejo -
Sentir meu prazer tão intenso
(Por sentir seu prazer)
...E se poder possuisse
Congelaria aquela noite
Em que nada mais existia além de nós
Sua voz ecoava
Fazendo-me imaginar
Que eu havia vencido
Seu movimento perfeitamente coordenado
Fazendo-me adentrar
No maior sonho real que já vivi
Teu corpo branco, liso e tenso
Junto ao meu corpo sedento, esquecido e ardente
Ainda me faz ficar acordado
Imaginando como seria bom ter você novamente.
(2007)
P.S. (Pouco)Adaptado.
Envolve meu corpo sedento, esquecido e ardente
O espaço inexiste entre nós
Teus lábios caminham
Por todas as partes do meu corpo
Isso é o que você mais deseja -
Sentir prazer em nosso irreal espaço
Isso é o que eu mais desejo -
Sentir meu prazer tão intenso
(Por sentir seu prazer)
...E se poder possuisse
Congelaria aquela noite
Em que nada mais existia além de nós
Sua voz ecoava
Fazendo-me imaginar
Que eu havia vencido
Seu movimento perfeitamente coordenado
Fazendo-me adentrar
No maior sonho real que já vivi
Teu corpo branco, liso e tenso
Junto ao meu corpo sedento, esquecido e ardente
Ainda me faz ficar acordado
Imaginando como seria bom ter você novamente.
(2007)
P.S. (Pouco)Adaptado.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Da Epístola 1
"E de repente eu vi você cair
Não sei armar o que eu senti.
Não sei dizer que vi você ali." [L.U.]
P.S. Adaptada. Extremamente recortada. Não enviada.
Não sei armar o que eu senti.
Não sei dizer que vi você ali." [L.U.]
Lembro do quanto fui intenso, nos rápidos minutos em que tive você em meus braços. Sabia que aquilo seria único e não teria volta. Segurava teu corpo junto ao meu, no desejo de que aquela cena se eternizasse. Tudo poderia acontecer a partir dali, mas ninguém tiraria de mim o fato de seu cheiro ter se misturado ao meu. Sentir sua respiração ofegante, despejando desejo pelos cantos daquelas paredes, me levou a um estágio tão elevado de excitação que quase superou meu próprio prazer.
Em vez de perder tempo pensando no fim, decidi aproveitar o momento. Mesmo tenso, deixei você fazer o seu programa.
[...]
Sua boca foi minha, seu corpo foi meu, sua respiração pra sempre em minha mente, seu cheiro eternamente em minha alma. (29 de julho de 2007)
Em vez de perder tempo pensando no fim, decidi aproveitar o momento. Mesmo tenso, deixei você fazer o seu programa.
[...]
Sua boca foi minha, seu corpo foi meu, sua respiração pra sempre em minha mente, seu cheiro eternamente em minha alma. (29 de julho de 2007)
P.S. Adaptada. Extremamente recortada. Não enviada.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Da Distração
Bons tempos para o Mal
Minha força vem do céu
Muitas vezes eu me sinto triste Triste triste
No chão!
Nossa! eu neste mundo...
Papai do céu não me
No chão!
Nossa! eu neste mundo...
Papai do céu não me
Deixe sozinho. [M.]
No sábado, como há muito não acontecia, fiquei me revirando na cama sem conseguir dormir. Como estratégia para que o desejo chegasse tentei imaginar um dos meus amores voltando pra mim - são pensamentos tão chatos e repetidos que acabam me dando sono. Mas eu não conseguia me concentrar nessa pessoa. Eu me distraía com o turbilhão de pensamentos dentro da minha cabeça. Então fui "interrompido" pelo telefone.
Deduzi que era um trote, já era quase 1h. Inocentemente, numa fração de segundo, pensei ser outro dos meus amores me ligando. A cobrar. Desligou. Deitei. Novo toque. Atendi. Meu irmão.
Ele havia perdido o último bus voltando do trabalho e pediu para eu ir buscá-lo no terminal.
Eu estava tranquilo, fui sem reclamar. Logo o encontrei e fui levá-lo pra casa. No meio do caminho vejo pelo retrovisor da Ludy uma luz forte refletindo, em seguida um barulho. A polícia.
Como lembrei de levar minha carteira fiquei bem tranquilo. Parei. Eu e meu irmão descemos da Ludy e logo tivemos que colocar as mãos na cabeça.
"Mão na cabeça" - (Bandidos).
Nunca fui parado por policiais. Chega a ser engraçado a forma de tratamento deles. Nos revistaram.
"Documentos da moto!"
E pronto. Tudo certo.
Não!
"Você não sabe que deve parar quando o sinal está vermelho?"
Nossa! Parece que senti um estalo quando o "moço" me disse isso. Eu não costumo infringir regras, sobretudo as de trânsito. Foi num acesso de distração. Eu me desculpei. Ele sorriu num sarcasmo encantador.
"Tua habilitação é provisória? Você vai perder sua carteira!"
Às vezes ouvimos certas coisas tão inesperadas que paramos por um tempo num exercício de concentração para, finalmente, entendermos o que foi ouvido. Ao terminar essa tarefa, vi que o profissional da lei já estava em sua viatura com meus documentos anotando meus dados. Parei. Pensei. Fui falar com ele.
Acredito que fiquei uns 20 minutos num discurso barato e humilhante pedindo para que ele não fizesse aquilo. Ele se manteve naquela pose superior tão bela e invejável.
"Moço, por favor, me desculpe, não faça isso, eu uso essa moto pra ir pra faculdade, nunca fiz nada de errado, não tenho nehuma multa, estou ..., sou..., por favor, por favor, POR FAVOR!"
Até que, finalmente, ao pensar no tempo e no dinheiro que eu perderia para ter uma habilitação novamente. Chorei. Lágrimas e lágrimas escorreram deliberadamente num gosto de sentido do qual eu já desconhecia.
Certamente ele achou aquilo patético.
"Hoje você deu sorte."
E o moço com seu parceiro de equipe se foram para mais um ato de justiça.
Certamente meu irmão estava se sentindo muito culpado.
"Ui. Que discursinho barato! Não aguentava mais ouvir minha voz."
Ele riu.
Eu enxuguei minhas lágrimas.
"Piá. Eu não tava conseguindo chorar!"
Rimos.
Novamente na cama, umas 3h, não precisei imaginar nada.
O sono me consumiu.
Deduzi que era um trote, já era quase 1h. Inocentemente, numa fração de segundo, pensei ser outro dos meus amores me ligando. A cobrar. Desligou. Deitei. Novo toque. Atendi. Meu irmão.
Ele havia perdido o último bus voltando do trabalho e pediu para eu ir buscá-lo no terminal.
Eu estava tranquilo, fui sem reclamar. Logo o encontrei e fui levá-lo pra casa. No meio do caminho vejo pelo retrovisor da Ludy uma luz forte refletindo, em seguida um barulho. A polícia.
Como lembrei de levar minha carteira fiquei bem tranquilo. Parei. Eu e meu irmão descemos da Ludy e logo tivemos que colocar as mãos na cabeça.
"Mão na cabeça" - (Bandidos).
Nunca fui parado por policiais. Chega a ser engraçado a forma de tratamento deles. Nos revistaram.
"Documentos da moto!"
E pronto. Tudo certo.
Não!
"Você não sabe que deve parar quando o sinal está vermelho?"
Nossa! Parece que senti um estalo quando o "moço" me disse isso. Eu não costumo infringir regras, sobretudo as de trânsito. Foi num acesso de distração. Eu me desculpei. Ele sorriu num sarcasmo encantador.
"Tua habilitação é provisória? Você vai perder sua carteira!"
Às vezes ouvimos certas coisas tão inesperadas que paramos por um tempo num exercício de concentração para, finalmente, entendermos o que foi ouvido. Ao terminar essa tarefa, vi que o profissional da lei já estava em sua viatura com meus documentos anotando meus dados. Parei. Pensei. Fui falar com ele.
Acredito que fiquei uns 20 minutos num discurso barato e humilhante pedindo para que ele não fizesse aquilo. Ele se manteve naquela pose superior tão bela e invejável.
"Moço, por favor, me desculpe, não faça isso, eu uso essa moto pra ir pra faculdade, nunca fiz nada de errado, não tenho nehuma multa, estou ..., sou..., por favor, por favor, POR FAVOR!"
Até que, finalmente, ao pensar no tempo e no dinheiro que eu perderia para ter uma habilitação novamente. Chorei. Lágrimas e lágrimas escorreram deliberadamente num gosto de sentido do qual eu já desconhecia.
Certamente ele achou aquilo patético.
"Hoje você deu sorte."
E o moço com seu parceiro de equipe se foram para mais um ato de justiça.
Certamente meu irmão estava se sentindo muito culpado.
"Ui. Que discursinho barato! Não aguentava mais ouvir minha voz."
Ele riu.
Eu enxuguei minhas lágrimas.
"Piá. Eu não tava conseguindo chorar!"
Rimos.
Novamente na cama, umas 3h, não precisei imaginar nada.
O sono me consumiu.
sábado, 19 de junho de 2010
Do Espírito
"Só estou aberto a quem sempre foi do Bem e agora estou fechado pra você." [L.U.]
Ontem eu decidi dar um ar: fui beber com meus amigos, mas para isso necessitava deixar minha moto em algum lugar, pois como prudente que sou, não fico pilotando bêbado por aí. A solução foi deixar a Ludmila na entrada do prédio dos meus amigos (dentro do condomínio).
De uns tempos pra cá minha consciência pesa um bocado se não estou estudando ou se estou fazendo algo sem uma "finalidade prática". Beber durante a semana, então, foi um dos programas que acabei descartando da minha vida, mas ontem fiz uma excessão. Tirei 10 numa prova que pensei que tiraria 6.5 e como tenho até segunda à tarde pra agilizar um artigo, um trabalho, 3 atividades e 2 estudos pra prova (sim, acretide: o semestre está acabando, apesar de parecer que está começando) senti-me no direito de aliviar a tensão um pouco (porque já não me permito aliviá-la com um sexo).
Aliviei minha mente, deixei de lado os meus afazeres e consegui aproveitar aquele momento sem me sentir culpado por isso. Foi ótimo!
Então fomos dormir, depois de ficarmos louquíssimos com as beras que tomamos. Desejei muito um "engov" para suportar essa ressaca que até agora não foi embora. Antes do almoço descemos para mais um dia de obrigações e não avistei a Ludy no lugar que a deixei. Respirei fundo, pois de imediato supus que alguém a havia colocado na rua. Não foi exatamente isso o que aconteceu.
A Ludy estava na calçada, tudo parecia tranquilo, até eu perceber que havia uma multa por ela estar ali. Foi um choque muito grande, mas não parou por aí. Olhei para o pneu da frente dela e vejo que ele está murcho. Nossa! É péssimo ver o pneu dela assim, pois a primeira coisa que me vem à cabeça é o tempo que eu perderei numa borracharia para reparar o erro. Pior que isso: onde haveria uma borracharia? Eu teria de arratsá-la. Mas, minha gente, acreditem! O pior foi perceber que o pneu de trás também estava murcho.
Aaaaahhhhh...! Por quê?
Eu queria uma explicação para que uma pessoa fosse tão espírito - de porco!
Qual o prazer que as pessoas sentem em tomar certas atitudes com a única finalidade de prejudicar os outros?
Eu sei que muitos devem ter traumas de infância ou não devem trepar com muita frequência, mas isso não é justificativa pra sair descontando frustrações por aí. É por isso que o mundo está fodido desse jeito. Muitas pessoas (acredito que a maioria delas) não são capazes de se colocar no lugar de quem elas fazem Mal.
Provalvelmente, se eu tivesse sido um imprudente paunocu deixaria a Ludy estacionada ao lado do bar, na minha vista, voltaria pra casa pilotando bêbado (mesmo isso sendo uma putasacangem comigo mesmo e com outras pessoas - e não estou sendo o demagógico porranenhuma!) e não teria ocorrido tamanha dordecabeça.
O detalhe é que além de murcharem o pneu da frente, jogaram o pino (que eu pensava ser essencial para segurar o ar) fora, ou enfiaram no rabo para tentarem sentir uma satisfação que já deveria estar esquecida.
Mas eu manti a calma. Juro!
Aqui não parece, mas estou tranquilo. O motivo para isso é que, ao andar não sei quantos minutos a procura desse pino caliente eu pensei
"Bem, se os momentos bons passam, os ruins também!".
E com um tanto de paciência fui recuperando o prejuízo que tive. Enchi os pneus da moto, fui fazer um B.O. pra recorrer à multa e com 3 horas de atraso cheguei no conforto da minha casa.
Aqui na frente do pc está o livro do qual eu devo fazer um artigo. Tem uma mulher na capa dele com um olhar severo. Olhei pra capa e pensei
"É pra você, dan! Faça esse artigo logo, pois o tempo está acabando".
Contudo, o mais importante ainda não foi dito.
Eu poderia hoje considerar o meu dia perdido. Mas a pesar de todos esses reveses (que podem ser elevados ao "nada" se eu lembrar que não sou o ferrado do mundo) pude sentir como existem Parceiros em minha vida. Meus amigos se mantiveram ao meu lado até o momento em que o problema se resolveu. Abriram mão de seus tempos para me ajudarem e, ainda, se preocuparam com meu bem-estar. E é isso!
É por isso que eu sobrevivo a essa vida. Justamente porque existem pessoas boas. Sei que existem pessoas que gostam de mim e que esperam por mim e que querem me ver bem e que querem me ver próximo sempre que possível.
Se eu pudesse voltar para ontem, quando decidi beber com meus amigos, e voltar pra casa em vez de ter que passar por esse incoveniente, eu diria para o Sr. do Tempo (que nunca chegou): "JAMAIS!".
Sentir os bons sentimentos das pessoas é o que mais busco em minha vida e nessas 18h horas em que tudo isso ocorreu, senti os bons e grandes sentimentos de meus amigos queridos.
E que Deus nos proteja.
P.S. Texto escrito em 18 de junho e adaptado em 19 de junho (2010).
De uns tempos pra cá minha consciência pesa um bocado se não estou estudando ou se estou fazendo algo sem uma "finalidade prática". Beber durante a semana, então, foi um dos programas que acabei descartando da minha vida, mas ontem fiz uma excessão. Tirei 10 numa prova que pensei que tiraria 6.5 e como tenho até segunda à tarde pra agilizar um artigo, um trabalho, 3 atividades e 2 estudos pra prova (sim, acretide: o semestre está acabando, apesar de parecer que está começando) senti-me no direito de aliviar a tensão um pouco (porque já não me permito aliviá-la com um sexo).
Aliviei minha mente, deixei de lado os meus afazeres e consegui aproveitar aquele momento sem me sentir culpado por isso. Foi ótimo!
Então fomos dormir, depois de ficarmos louquíssimos com as beras que tomamos. Desejei muito um "engov" para suportar essa ressaca que até agora não foi embora. Antes do almoço descemos para mais um dia de obrigações e não avistei a Ludy no lugar que a deixei. Respirei fundo, pois de imediato supus que alguém a havia colocado na rua. Não foi exatamente isso o que aconteceu.
A Ludy estava na calçada, tudo parecia tranquilo, até eu perceber que havia uma multa por ela estar ali. Foi um choque muito grande, mas não parou por aí. Olhei para o pneu da frente dela e vejo que ele está murcho. Nossa! É péssimo ver o pneu dela assim, pois a primeira coisa que me vem à cabeça é o tempo que eu perderei numa borracharia para reparar o erro. Pior que isso: onde haveria uma borracharia? Eu teria de arratsá-la. Mas, minha gente, acreditem! O pior foi perceber que o pneu de trás também estava murcho.
Aaaaahhhhh...! Por quê?
Eu queria uma explicação para que uma pessoa fosse tão espírito - de porco!
Qual o prazer que as pessoas sentem em tomar certas atitudes com a única finalidade de prejudicar os outros?
Eu sei que muitos devem ter traumas de infância ou não devem trepar com muita frequência, mas isso não é justificativa pra sair descontando frustrações por aí. É por isso que o mundo está fodido desse jeito. Muitas pessoas (acredito que a maioria delas) não são capazes de se colocar no lugar de quem elas fazem Mal.
Provalvelmente, se eu tivesse sido um imprudente paunocu deixaria a Ludy estacionada ao lado do bar, na minha vista, voltaria pra casa pilotando bêbado (mesmo isso sendo uma putasacangem comigo mesmo e com outras pessoas - e não estou sendo o demagógico porranenhuma!) e não teria ocorrido tamanha dordecabeça.
O detalhe é que além de murcharem o pneu da frente, jogaram o pino (que eu pensava ser essencial para segurar o ar) fora, ou enfiaram no rabo para tentarem sentir uma satisfação que já deveria estar esquecida.
Mas eu manti a calma. Juro!
Aqui não parece, mas estou tranquilo. O motivo para isso é que, ao andar não sei quantos minutos a procura desse pino caliente eu pensei
"Bem, se os momentos bons passam, os ruins também!".
E com um tanto de paciência fui recuperando o prejuízo que tive. Enchi os pneus da moto, fui fazer um B.O. pra recorrer à multa e com 3 horas de atraso cheguei no conforto da minha casa.
Aqui na frente do pc está o livro do qual eu devo fazer um artigo. Tem uma mulher na capa dele com um olhar severo. Olhei pra capa e pensei
"É pra você, dan! Faça esse artigo logo, pois o tempo está acabando".
Contudo, o mais importante ainda não foi dito.
Eu poderia hoje considerar o meu dia perdido. Mas a pesar de todos esses reveses (que podem ser elevados ao "nada" se eu lembrar que não sou o ferrado do mundo) pude sentir como existem Parceiros em minha vida. Meus amigos se mantiveram ao meu lado até o momento em que o problema se resolveu. Abriram mão de seus tempos para me ajudarem e, ainda, se preocuparam com meu bem-estar. E é isso!
É por isso que eu sobrevivo a essa vida. Justamente porque existem pessoas boas. Sei que existem pessoas que gostam de mim e que esperam por mim e que querem me ver bem e que querem me ver próximo sempre que possível.
Se eu pudesse voltar para ontem, quando decidi beber com meus amigos, e voltar pra casa em vez de ter que passar por esse incoveniente, eu diria para o Sr. do Tempo (que nunca chegou): "JAMAIS!".
Sentir os bons sentimentos das pessoas é o que mais busco em minha vida e nessas 18h horas em que tudo isso ocorreu, senti os bons e grandes sentimentos de meus amigos queridos.
E que Deus nos proteja.
P.S. Texto escrito em 18 de junho e adaptado em 19 de junho (2010).
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Do Costume
"Eu não sou Eu nem sou o Outro
Sou qualquer Coisa de intermédio
Pilar da ponte de Tédio
Que vai de Mim para o Outro" [S.C.]
Sou qualquer Coisa de intermédio
Pilar da ponte de Tédio
Que vai de Mim para o Outro" [S.C.]
Estou acostumado a ler, acostumado a perder muito tempo na internet, acostumado a sentir sono depois do almoço, acostumado a usar máscara quando preciso (grande parte do tempo, até com quem nem imaginei um dia que fosse necessário), acostumado a ser esquecido ou guardado no subconsciente de pessoas que um dia classifiquei como eternas. Acostumado a não me expor demasiadamente como antes fazia (sinto calafrios só de pensar).
Eu sempre fui acostumado com extremos: era feliz com o amor que surgia uma vez ao ano e que permanecia por pouco tempo. Acredito, então, que acerca do amor, fui feliz 5 dias por ano, em se tratando dos últimos 3 (anos).
O resto? Bem, com o resto do ano eu sobrevivia trabalhando ou estudando, mas quase sempre não resistia. Ligava inúmeras vezes sem acreditar na partida de quem ainda pulsava dentro de mim. Chorava em diversas vezes.
Extremos: 5 dias em nirvana, 360 em fossa.
Hoje já estou me acostumando com as inúmeras partidas, - nos variados tipos de relação - também já estou acostumado a ficar sozinho em relação a um par amoroso (não que um dia eu não estive).
Sou obrigado a entrar no ritmo e aceitar, simplesmente. E tudo vai ficando com esse gosto de morno, sabe?! É um gosto que não me faz chegar aos extremos. Às vezes até tento ouvir as músicas que um dia me fizeram verter rios de lágrimas, mas daí me pego pensando na minha próxima obrigação ou na obrigação anterior, se ela está pronta efetivamente, ou não.
E assim, continuo sem sentir. É uma espécie de anestesia que me faz sobreviver.
P.S. "Gosto de morno" soa estranho. Será que existe alguma disciplina ou curso para "Construção de Metáfora"?
Eu sempre fui acostumado com extremos: era feliz com o amor que surgia uma vez ao ano e que permanecia por pouco tempo. Acredito, então, que acerca do amor, fui feliz 5 dias por ano, em se tratando dos últimos 3 (anos).
O resto? Bem, com o resto do ano eu sobrevivia trabalhando ou estudando, mas quase sempre não resistia. Ligava inúmeras vezes sem acreditar na partida de quem ainda pulsava dentro de mim. Chorava em diversas vezes.
Extremos: 5 dias em nirvana, 360 em fossa.
Hoje já estou me acostumando com as inúmeras partidas, - nos variados tipos de relação - também já estou acostumado a ficar sozinho em relação a um par amoroso (não que um dia eu não estive).
Sou obrigado a entrar no ritmo e aceitar, simplesmente. E tudo vai ficando com esse gosto de morno, sabe?! É um gosto que não me faz chegar aos extremos. Às vezes até tento ouvir as músicas que um dia me fizeram verter rios de lágrimas, mas daí me pego pensando na minha próxima obrigação ou na obrigação anterior, se ela está pronta efetivamente, ou não.
E assim, continuo sem sentir. É uma espécie de anestesia que me faz sobreviver.
P.S. "Gosto de morno" soa estranho. Será que existe alguma disciplina ou curso para "Construção de Metáfora"?
terça-feira, 15 de junho de 2010
Da Narrativa
"Essas preciosas ilusões em minha mente não me desapontaram quando eu estava indefeso. E abrir mão delas foi como abrir mão dos meus amigos invisíveis". [A.M.]
Um dia eu fui obrigado a encarar situações das quais eu imaginava vencer de maneira tranquila.
A primeira transa não foi como a AÇÃO da minha mente adolescente, menos ainda o prazer sentido;
A faculdade não foi o ESPAÇO da minha mente adolescente, menos ainda as pessoas que lá se encontravam;
A minha suposta primeira relação (que diz respeito ao segundo amor da minha vida) não durou o TEMPO em que minha mente adolescente sonhou - qual seria a parte mínima de "pro resto da vida"?;
A minha suposta última relação (que diz repeito ao terceiro e, por enquanto, último amor da minha vida) não continha a PERSONAGEM que minha mente adolescente construiu sem nem ao menos conhecê-la, talvez não existia nem o pedaço de unha idealizado;
Quem eu sou hoje está longe de ser o NARRADOR que a minha mente adolescente imaginou, visto que os leitores disso não atingirão o número de dedos da minha mão esquerda. Eu sou canhoto.
P.S. Aqui, a palavra "relação" aparece no sentido de "ficar" mais de 5 vezes e "Transar" mais de 2, ou seja, não está no sentido convencional denominado "namoro" - eu pulso precocemente. 5+2= 7. O número 7 me agrada.
Um dia eu fui obrigado a encarar situações das quais eu imaginava vencer de maneira tranquila.
A primeira transa não foi como a AÇÃO da minha mente adolescente, menos ainda o prazer sentido;
A faculdade não foi o ESPAÇO da minha mente adolescente, menos ainda as pessoas que lá se encontravam;
A minha suposta primeira relação (que diz respeito ao segundo amor da minha vida) não durou o TEMPO em que minha mente adolescente sonhou - qual seria a parte mínima de "pro resto da vida"?;
A minha suposta última relação (que diz repeito ao terceiro e, por enquanto, último amor da minha vida) não continha a PERSONAGEM que minha mente adolescente construiu sem nem ao menos conhecê-la, talvez não existia nem o pedaço de unha idealizado;
Quem eu sou hoje está longe de ser o NARRADOR que a minha mente adolescente imaginou, visto que os leitores disso não atingirão o número de dedos da minha mão esquerda. Eu sou canhoto.
P.S. Aqui, a palavra "relação" aparece no sentido de "ficar" mais de 5 vezes e "Transar" mais de 2, ou seja, não está no sentido convencional denominado "namoro" - eu pulso precocemente. 5+2= 7. O número 7 me agrada.
Do Título
Prevaricar, aqui, não diz respeito ao termo jurídico e sim a ao termo dicionarizado (pelo menos do meu dicionário do ensino fundamental) que possui o sinônimo "pervertido". Lancei mão do termo a partir de um diálogo qualquer e o adjetivo-substantivo rendeu nicks para o twitter e para o formspring. Não sei se sou pervertido ainda. Sou de escorpião.
P.S. Qualquer relação nesse e nos próximos textos com a "realidade" são meras coincidências.
P.S. Qualquer relação nesse e nos próximos textos com a "realidade" são meras coincidências.
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